[Narrado por Vanessa]
Certas
coisas podem me ter feito sofrer, mas elas simplesmente precisavam acontecer
para me fazer crescer. Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é de
alguém que acredite que ele possa ser realizado... Paciência e perseverança têm
o efeito mágico de fazer com que as dificuldades desapareçam e os obstáculos
sumam.
Elias se vira e caminha em
direção a Marta.
Marta: Filho, como está a aula?
Elias: Que porra é essa agora?
Marta fica surpresa com a atitude de Elias.
Marta: Elias, que jeito é esse de falar comigo?
Elias: O que você pensa que está fazendo?
Agora
resolveu me humilhar na frente de todo mundo vendendo essas porcarias.
Luis fica assistindo a cena.
Marta: Essas porcarias são salgados que eu faço
todos os dias de madrugada para vender e colocar dinheiro dentro de casa para
sustentar você e a sua irmã. É um trabalho digno.
Elias: Tudo bem, mas precisava fazer isso aqui?
Justo aqui na minha escola?
Marta: E qual é o problema?
Elias fica em silêncio. Alguns alunos ficam
comentando a cena.
Elias: O problema é que eu não me sinto bem com
isso. Ficar conhecido todos os dias como “o filho da tia do salgado”. Que
vergonha!
Marta: Vergonha?
As lágrimas começam a cair do rosto de Marta
que as limpa.
Elias: Tudo bem. Faz o que quiser, mas quando me
ver por aqui, me faz um favor... Finge que não me conhece.
Elias sai e Marta fica perplexa. Luis se
aproxima dela.
Marta: Meu Deus, meu próprio filho disse isso.
Como?
Luis: Tenha calma, ele está de cabeça quente.
Jovens são assim mesmo. Mas ele vai se dar conta do que fez, você vai ver.
Marta: Não consigo acreditar nisso.
Paula se aproxima, junto com sua amiga
Vanessa.
Paula: Mãe? O que aconteceu? Por que você está
chorando?
Luis: O seu irmão agrediu sua mãe com palavras estúpidas.
Marta: Seu irmão disse que tinha vergonha de mim,
apenas porque eu estou aqui na frente do colégio vendendo salgados.
Paula: O que? Eu não acredito que ele foi capaz
disso. Mas ele vai me ouvir.
Paula sai furiosa e Vanessa vai atrás.
Vanessa: Paula, espera.
Cena
2
Elias está sentado com os amigos, Denis e
Murilo. Paula chega e empurra o ombro dele.
Paula: Seu estúpido, como você pode falar coisas
horríveis para nossa mãe? Ela está chorando, sabia?
Elias: Ei, só um pouquinho. Se toca garota. Quem
você pensa que é para vir me dar lição de moral?
Paula: Na boa, Elias. Eu nem acredito que a gente
possa ser irmãos.
Elias: Seria a melhor coisa que poderia ter me
acontecido. Irmão de uma sem sal e filho de uma vendedora de salgados.
Paula: A mim você não atinge com suas palavras,
mas a nossa mãe não precisa desse sofrimento. Deveria se orgulhar da mãe que
temos. Para de ser criança garoto. Quem deveria ter vergonha de alguma coisa é
a nossa mãe, de ter criado um filho como você. Idiota.
Paula se afasta.
Elias: Vai... já vai tarde tampinha. Que saco! E
vocês, o que tão olhando? Vão cuidar da vida de vocês.
Fala para um grupo de alunos que estava
observando a cena.
Cena
3
Roberta, noiva de Rômulo (diretor do colégio)
estava deitada sobre o sofá de sua casa falando ao telefone com Rômulo.
Roberta: Oi amor!
Rômulo: Roberta? Amor, eu estou no horário de
trabalho agora, não posso ficar falando.
Roberta: É que me bateu uma saudade de você agora.
Rômulo: Eu sei meu amor, mas não posso ficar
falando ao telefone. Sou o diretor e tenho que dar exemplo aos demais.
Roberta: Compreendo. Mas me promete uma coisa.
Rômulo: Tudo que você quiser.
Roberta: Vamos sair para jantar... Juntos, só nós
dois.
Rômulo: Tudo bem. Posso te pegar à noite então.
Roberta: Perfeito. Beijos amor... Ah, e bom
trabalho.
Roberta desliga o telefone. Sua mãe, Leonor,
aparece e bate nos pés dela.
Leonor: Menina, já te disse que tens que ter
paciência com o rapaz. Não pode ficar o temo todo cobrando atenção dessa forma.
Vai assustar ele.
Roberta: Calma mamãe. Eu sei o que estou fazendo. O
Rômulo me ama, jamais se afastará de mim.
Leonor: Bom, isso já é alguma coisa. Mas nenhum
amor suporta qualquer tipo de desconforto. Vai por mim Roberta.
Roberta: Talvez mamãe... (Roberta se levanta)... Mas
agora deixa eu me mexer porque hoje a noite vamos jantar juntos. Vou ao salão
dar um jeito em mim.
Roberta beija Leonor e sai.
Leonor:
Vai minha querida... E pense
no que te falei.
Cena
4
Na academia de lutas, Brandão (pai de Elias e
Paula) é o treinador de Adonys (antigo namorado de Roberta). Brandão observa
Adonys lutando com um outro cara. Era apenas um treinamento. Ao terminar,
Brandão aplaude o desempenho de Adonys.
Brandão: Muito bom garoto, continue assim e o
cinturão será seu.
Adonys: Valeu chefe.
Brandão: Quinze minutos de descanso e voltamos para
acertarmos alguns pontos que acho importante.
Brandão sai. Adonys vai até sua mochila e
pega o celular. Ele liga para Roberta. O ceular de Roberta começa a tocar. Ela
estava dirigindo. Roberta atende.
Roberta: Alô!
Adonys: E aí, princesa, o que acha de darmos um role
mais tarde?
Roberta: Adonys? O que você quer? Sabe que não quero
mais nada com você.
Roberta: Será mesmo? Você sabe que é mentira, não
tente se enganar. Sou eu quem você quer.
Roberta: Não seja convencido. Estou noiva de outro
homem e aliás, vamos sair juntos mais tarde, o que me dá o direito de recusar
seu convite. Passar bem.
Roberta desliga o celular. Adonys olha para o
celular e abre um sorriso de contentamento.
Cena
5
No Colégio Alberto Villani, Fred, Renato e
Rogério estavam sentados no pátio. Paula e Vanessa se aproximam.
Paula: Então estamos combinados para logo mais a
noite correto?
Fred: Claro!
Rogério: Sem dúvidas.
Paula: Ótimo. Uma galera já confirmou presença.
Vai ser a festa do ano.
Vanessa olhava para Lucas e Letícia juntos.
Renato percebe. Ele se levanta.
Renato: Bom, eu vou nessa. Nos vemos mais tarde.
Paula: Tchau, Renato.
Rogério: Falou, brother.
Renato para em frente a Vanessa.
Renato: Tchau!
Vanessa: Até mais tarde.
Renato vai embora. Fred e Rogério também
decidem ir.
Rogério: Bom, também vamos nessa. Nos vemos mais
tarde meninas.
Paula: Até mais garotos.
Quando Fred e Rogério vão embora, Paula
percebe a tristeza de Vanessa. Ela vê Lucas e Letícia.
Paula: Calma amiga. Você dá de dez a zero naquela
sem graça da Letícia.
Vanessa: Não, tudo bem. Estou bem.
Paula: Se faz você se sentir melhor afirmando
isso, beleza. Mas sei que não deve ser fácil. Amor não correspondido machuca e
eu sei disso porque gosto do Renato, você sabe. Mas no fim, nós duas vamos
superar isso.
As duas se abraçam e saem.
Cena
6
Cíntia caminha pelo corredor do colégio, com
seu material apoiado nos braços. Ela passa por Elias, Murilo e Denis.
Elias: É por isso que eu amo matemática.
Cíntia para e encara os três.
Cíntia: Escuta aqui, eu sou professora de vocês e
aqui dentro dos limites desta escola eu exijo respeito.
Elias: Calminha coisa linda, nós não estamos
fazendo nada demais.
Cíntia: Imagina, claro que não estão. Mais uma
piadinha e vocês serão advertidos.
Cíntia se vira e esbarra em Alfredo
(professor de Educação Física). Seu material cai no chão.
Cíntia: Droga, será que você é cego.
Alfredo: Desculpa!
Cíntia: Esquece.
Ela recolhe o material e vai embora. Elias,
Murilo e Denis ficam rindo da situação. Alfredo fica olhando Cíntia caminhar.
Cena
7
Na casa de Rogério, seu pai, Celso, estava
olhando a foto de sua ex-mulher, Selma, que abandonou ambos quando Rogério
tinha três anos.
Celso: Aonde será que você está agora?
Rogério chega. Celso rapidamente esconde a foto
de Selma debaixo de um pote que estava sobre a mesa.
Rogério: Oi pai.
Celso: E aí filhão, como foi o primeiro dia de
aula?
Rogério: Chata, como sempre.
Rogério: Sem essa. Pegar onda é um máximo, mas
estudar também é importante.
Rogério: Eu sei pai, estou só brincando. Não vai pro
trampo hoje?
Celso: Claro! Inclusive já estou de saída. Deixei
a comida na geladeira é só aquecer. Até mais filhão.
Celso vai para o trabalho. Rogério pega um
copo e coloca água. Ele percebe a foto e pega. Rogério encara o rosto de sua
mãe.
Cena
8
Paula chega em casa e encontra sua mãe
sentada na sala olhando algumas fotos.
Paula: Mãe, como você está? Voltei para falar
contigo, mas o Luis falou que você já tinha vindo embora.
Marta: Foi impossível ter ficado lá depois de tudo
aquilo.
Paula: Na boa, eu sempre alertei sobre o
comportamento do Elias. Ele...
Elias:
O que é que tem eu?
Elias encara Paula.
Paula: Na verdade Elias é o que você não tem. Você
deve desculpas para a nossa mãe.
Elias: Eu não preciso pedir nada para ninguém.
Falei a verdade, fui sincero. Estou errado em falar o que penso das coisas?
Marta se levanta.
Marta: Chega, os dois. Você não está errado Elias.
Paula: Mas mãe?
Marta: Por favor, Paula. Agora sou eu quem fala
aqui.
Marta olha seriamente para Elias.
Marta: Passei horas pensando e repensando em tudo
o que aconteceu hoje Elias e me perguntava onde tinha errado com você. Se quer
saber, acho que não cometi nenhum erro. Cada um escolhe o caminho que quer
seguir. Você disse que tinha vergonha do que eu estava fazendo. Tudo bem é um
pensamento seu e eu vou respeitar. Mas não vou deixar de ser a tia do salgado,
querendo você ou não. Acho melhor você ir se acostumando com a ideia.
Elias: Ótimo! Apenas peço que não me exponha ao
ridículo de espalhar a todos que é a minha mãe.
Marta: Não se preocupe quanto a isso.
Elias: Ótimo. Com licença.
Elias vai para o quarto. E Marta começa a
recolher as fotos. Paula também vai para o seu quarto.
Cena
9
Na casa dos Villani, Teresa (mãe de Omar e
Rômulo) se aproxima de Omar que está sentado no sofá.
Teresa: Seu pai me falou da discussão que tiveram.
Omar: O meu pai nunca me deu chance nenhuma de
mostrar a minha capacidade.
Teresa: Não é verdade meu filho...
Omar: Como não? Ele sempre preferiu o meu irmão
em tudo. Você mesmo sabe disso.
Teresa: O seu pai apenas toma decisões que ele acha
ser a mais sensata.
Omar: Claro! E eu como um bom filho devo sempre
aceitar tudo de cabeça baixa. Sou mais velho que o Rômulo, mãe. Era eu quem
devia estar no cargo de direção do colégio. Eu jamais vou me conformar com
isso. Jamais.
Omar se levanta e sai. Teresa fica
apreensiva.
Cena
10
Sergio (professor de história) chega em sua
casa e beija sua esposa, Ana Paula, que se matem uma certa frieza.
Sergio: Tudo bem?
Ana
Paula: Não!
Sergio larga o material sobre o sofá e senta
ao lado de Ana Paula.
Sergio: O que está acontecendo com você Ana Paula?
Tenho te notado estranha ultimamente. Não é mais a mesma pessoa de antes. Me
fala, o que aconteceu com você?
Ana
Paula: Quer mesmo saber? Eu
quero me separar de você, Sergio? É isso que está acontecendo.
Ana Paula se levanta e vai para o quarto.
Sergio fica perplexo e passa as mãos na cabeça.
Cena
11 - NOITE
Rômulo chega em casa e encontra Omar descendo
a escada.
Omar: E então, como foi seu primeiro dia como
diretor do Colégio Alberto Villani?
Rômulo: Sem ironia, Omar. Estou exausto e ainda
tenho um compromisso com a minha noiva. Não tenho tempo para os seus ataques de
irmão renegado.
Omar agarra Rômulo pela gola do terno.
Omar: Escuta aqui seu babaca, eu juro que vou
tomar a direção do colégio de você. Isso é uma promessa. Você vai se arrepender
de ter nascido nessa família quando eu acabar com você.
Rômulo e Omar se encaram. Bernardo aparece.
Bernardo: O que diabos está acontecendo aqui?
FIM DO CAPÍTULO
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