sábado, 18 de outubro de 2014

Episódio 10: Jovens



[Narrado por Vanessa]
Nada é permanente, exceto a mudança. Algumas vezes a vida pode te atingir na cabeça com um tijolo, mas o insucesso é apenas uma oportunidade para começar de novo com mais inteligência. A verdade é que só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.”

Vanessa vai até Raquel, que estava junto com Joana e dá um tapa na cara dela.
Raquel: Que é isso? Ficou maluca?
Vanessa: Isso é o pagamento disso.
Raquel fica com a mão sobre o rosto que ainda ardia do tapa que recebera, enquanto observa o vídeo que Vanessa mostra para ela.
Raquel: Você ficou louca, eu não sei do que você está falando.
Vanessa: Claro que sabe. Você achou que podia me intimidar mas agora eu estou te mostrando do que eu sou capaz.
Paula: Admita que foi você quem colocou esse vídeo na internet, Raquel.
Raquel: Eu não tenho que admitir nada. Agora eu não tenho culpa se essa infeliz pagou o ridículo na festa.
Vanessa: Eu vou fazer você engolir os dentes sua patricinha mimada.
Vanessa e Raquel se agarram sendo logo ovacionadas pelos alunos que se aglomeravam. Renato e Rogério e alguns garotos tentavam separá-las. Inaiá se aproxima.
Inaiá: Mas o que diabos está acontecendo aqui? Será que eu posso saber?
Raquel e Vanessa são seguradas pelos garotos enquanto Inaiá espera que alguém explique. Minutos depois as duas são levadas até a sala de Rômulo.
Inaiá: Com licença diretor. Peguei estas duas mocinhas brigando no pátio.
Raquel e Vanessa entram e ficam caladas.
Rômulo: Brigando? Eu não acredito. Tudo bem, Inaiá, me deixe a sós com as duas.
Inaiá: Certo, com licença. Agora as duas vão ver o que é bom...
Rômulo pigarreia fazendo sinal para que Inaiá se retire.
Inaiá: Com licença.
Inaiá sai da sala e Rômulo manda as duas sentarem.
Rômulo: Muito bem, então alguém pode me dizer o que aconteceu?
Raquel: Eu estava conversando com a minha colega quando essa maluca veio e me deu um tapa no rosto...
Vanessa: Fala a verdade, Raquel. Diz o que você fez aio invés de posar de vítima.
Rômulo: Chega! Uma de cada vez. Primeiro você, já que parece ter começado.
Raquel fica bufando de raiva e Vanessa conta sua versão.

Cena 2
Paula, Renato e Rogério estavam no corredor esperando Vanessa sair da sala do diretor.
Paula: Será que a Vanessa vai ser punida?
Renato: Espero que não.
Rogério: Eu não entendi nada.
Paula: É uma história longa. Depois te conto melhor.
Renato: Mas a Raquel bem que mereceu.
Paula: Disso eu não tenho dúvida.
Fred caminha conversando com Diego e Rogério percebe.
Rogério: Olhem lá. Agora o Fred não desgruda do novo aluno.
Paula: Verdade. Parece que ficaram bem amigos.
Eles observam.
Fred: Então você faz aula de teatro?
Diego: Eu amo teatro. Já fiz algumas peças e também estou começando a rascunhar algumas histórias.
Fred: Que legal. Eu também gosto de teatro. Não como artista e mais como espectador.
Diego: Entendo. Bom, então acho que não vamos ter tanta dificuldade em fazer o trabalho de literatura, sendo que eu já li este livro. É fantástico.
Fred estava encantado em saber que Diego era tão parecido com ele. Elias, Murilo e Dênis passam próximo a eles.
Elias: Olhem só, a mariquinha achou um companheiro. Quem diria?
Murilo: Eu quero ser convidado pro casamento, heim.
Dênis: Será inesquecível, isso a gente garante.
Os três continuam andando enquanto riem de suas piadinhas. Fred fica envergonhado.
Fred: Desculpa. Esqueci de te advertir que aqui também existem eles.
Diego: Tranquilo. Já estou acostumado com gente assim. Relaxa.
Vanessa se aproxima de Paula, Renato e Rogério.
Paula: E aí? O que aconteceu?
Vanessa: Peguei suspensão de um dia.
Paula: Não acredito. Puxa vida.
Vanessa: Isso não é pior. Só posso voltar às aulas na companhia de um dos meus pais.
Renato: Caramba.
Todos ficam desolados.

Cena 3
Celso, pai de Rogério, entra em casa com algumas correspondências na mão. Ele coloca as sacolas sobre a mesa e começa a olhar. Em uma delas ele percebe uma carta de Selma, a mãe de Rogério.

Celso: Mas o quê? Não acredito.
Ele abre a carta e começa a ler. Ele fica furioso e bate a mão com o punho fechado sobre a mesa.
Celso: Não acredito que ela tem a coragem de escrever me dizendo que pretende voltar. Não vou permitir... Eu não vou permitir que você interfira na vida do Rogério.
Ele amassa a carta e joga no lixo.

Cena 4
Marta estava arrumando suas coisas, depois de mais um dia de vendas na frente do colégio. Luis se aproxima dela.
Luis: E como foi a venda hoje?
Marta: Bem produtiva. Estou pensando em aumentar o negócio. Talvez até quem sabe montar um barzinho aqui próximo.
Luis: Olha aí, um exemplo de empreendedora.
Marta: Eu diria um exemplo de trabalhadora. Infelizmente a vida nos obriga. Mas é bom, não posso reclamar muito.
Luis: Está certo. Mas não pode viver só para o trabalho. Tem que sair um pouco também.
Marta: Não, já passei dessa fase.
Luis: Imagina. Ninguém nunca envelhece para a diversão. Conheço um lugar maravilhoso onde toca aquele pagodinho de primeira. Se tiver a fim de ir é só me avisar.
Marta: Seria um convite?
Luis: EU acho que sim. É que não sou muito bom em esclarecer as coisas.
Marta ri.
Marta: Tudo bem então, vou aceitar sua proposta. Acho que também mereço me divertir um pouco. Faz tempo que não saiu para dançar, desde que... Bom, não vem ao caso.
Luis: Perfeito. Então amanhã? Pode ser?
Marta: Fechado.

Cena 5
Na sala de aula, Sérgio, professor de história, estava dando sua aula, quando Rômulo interrompe para dar uma notícia.

Rômulo: Prometo que serei breve.
Sérgio: Fique a vontade diretor.
Rômulo: Obrigado, professor. Bom, como todos sabem, hoje as escolas estão em uma luta constante contra o Bullying, que nada mais é que um ato repetitivo de violência física ou psicológica. Nosso colégio também abraçou a causa e irá trazer na próxima semana o palestrante Antero Souza, que já escreveu alguns livros sobre o tema.
Sérgio: Acho muito bom o colégio ter essa posição diante deste assunto. Queria parabeniza-lo diretor pela iniciativa. E gostaria de ressaltar que O bullying é um problema mundial, e que as agressões geradas por quem pratica este tipo de ato, deixam marcas para o resto da vida da pessoa que sofre.
Rômulo: Agradeço sua contribuição e assino com cada palavra que o senhor disse. Espero que cada um reflita com esta palestra e se por ventura um dia verem alguém sendo vítima de bullying, não se faça de desentendido. Dê um basta. Denuncie para o diretor ou alguém que possa resolver o problema. Obrigado pela atenção de todos e tenham uma boa aula.
Rômulo sai da sala e Sérgio volta a dar sua aula normalmente.

Cena 6
Horas depois, na saída do colégio, Fred e Diego seguiam caminhando juntos.
Fred: Nos comunicamos por e-mail, para trocarmos ideias sobre o trabalho.
Diego: Claro. Qualquer coisa também pode me ligar.
Fred: Certo.
Diego: Droga!
Diego encontra o pneu de sua bicicleta esvaziado.
Fred: Furou?
Diego: Não! Acho que alguém esvaziou de propósito.
De longe, Elias, Murilo e Dênis davam risadas, enquanto Fred observava eles de longe.
Fred: E eu até já posso imaginar quem foi.
Diego olha para os três.
Diego: Tudo bem. Deixa assim. Logo mais tem um posto de gasolina, consigo encher o pneu lá. Até mais.
Fred: Até mais.
Fred observa Diego indo embora.

Cena 7
NOITE. Na mesa de jantar, Vanessa estava calada. Rodrigo, Beatriz e Alice também estavam presentes.

Alice: Sabia que vai ter uma palestra sobre bullying na escola, mamãe?
Beatriz: Não! Isso é bom. Hoje em dia tem muita violência nessas escolas.
Alice: É verdade, não é maninha?
Vanessa pressente que Alice quer falar algo sobre o acontecido.
Vanessa: Se você acha.
Alice: Claro! Ainda mais depois do que aconteceu. Puxa, aquela garota deve ter te irritado muito? Ela estava te fazendo bullying?
Vanessa sente vontade de jogar o seu prato em Alice.
Beatriz: Garota? Que garota? Do que você está falando Alice?
Alice: Ai mãe, eu nem sei muito bem, só ouvi o que me falaram. A Vanessa brigou com uma garota que parece que fez alguma coisa para ela.
Beatriz: Você brigou no colégio, Vanessa?
Vanessa: Sim! Mas não é bem assim...
Beatriz: Não interessa. Eu e seu pai não pagamos para que você vá fazer arruaça no colégio...
Vanessa: Mãe, por favor, me escuta pelo menos dessa vez...
Beatriz: Não, Vanessa. Nada do que você disser vai justificar sua atitude.
Rodrigo: Sua mãe está certa. Não é este tipo de educação que te damos.
Vanessa: Já chega.
Vanessa se levanta da mesa e sai, sendo seguida por Beatriz e Rodrigo.
Beatriz: Volta aqui Vanessa.
Vanessa para e olha para eles.
Beatriz: Nunca mais se dirija dessa maneira conosco. Exigimos respeito.
Vanessa: E eu exijo que vocês parem de me criticar e escutem minha versão antes de me jogarem pedras como se eu fosse uma condenada...
Beatriz dá um tapa em Vanessa que cai no chão, colocando a mão no rosto.
Vanessa: Isso é para você nunca mais ousar nos responder dessa forma, mal criada.
Rodrigo: Chega, Beatriz. Vanessa, vá para o seu quarto. Depois conversamos sobre isso.
Vanessa se levanta e vai para o quarto, chorando.


[Ao som de Sara Bareilles – Breathe Again... Narração de Vanessa]

"Superação é o último estágio de um guerreiro, que dedicou grande parte de seu tempo enfrentando obstáculos..."
Rogério está na cozinha comendo uma banana e depois vai jogar a casca no lixo. Ele vira a lixeira e acaba encontrando a carta de sua mãe. Ele aparece no quarto de Celso.
Rogério: Por que o senhor não me disse que a mamãe estava voltando?
Celso olha para ele fica sem reação ao ver a carta na mão dele.

"Sempre estaremos lutando, não importa o quão difícil pareça ser a vitória que desejamos alcançar, porque sabemos que vale apena chegar lá..."
Renato olha algumas fotos de Vanessa no computador e imprimi algumas. Ele recorta e aos poucos vai organizando tudo em seu mural. Eram diversas fotos. Por dias ele estava fazendo aquele mural. Estava quase sufocando em esconder dela o seu sentimento.

"E muitas vezes nos escondemos, tememos em enfrentar essas barreiras que se opõem diante de nós, guardando no fundo do nosso íntimo, os nossos segredos..."
Fred está escrevendo em seu diário sobre Diego.
[Ele é incrível. Nunca imaginei que um dia pudesse conhecer uma pessoa que fosse tão igual a mim, mas aconteceu]. Ele esconde seu diário dentro de uma caixa e coloca debaixo da cama. Seu irmão, Guilherme, observa escondido.

"Guerreiros às vezes cai diante de uma batalha, e nem sempre tem a ajuda de que tanto precisa. Cabe a ele esforçar-se para vencer a luta..."
Sônia, Mãe de Fred e Guilherme, está no banheiro. Ela ingere um comprimido e bebe um pouco de água. Em seguida ela caminha até a cama e fica tonta. Ela tenta se segurar, mas acaba desmaiando. Enquanto isso, seu marido, Pedro, está em um bar bebendo.

"Enquanto outros preferem ignorar que devem viver planejando o seu futuro, vivem de qualquer modo, sem se importar com as consequências de suas escolhas..."
Murilo, Elias e Dênis pulam o muro do colégio. Eles estão com uma mochila e com os rostos cobertos.
Elias: Não deixa ninguém ver a gente. Temos que ser rápido.
Eles retiram algumas latas de spray e começam a pixar a parede do colégio.

“A verdade é que não adianta tentar ser indiferente aos nossos problemas, eles sempre estarão nos perseguindo não importa o quanto tentemos fugir deles..."
Sérgio está sentado no sofá com os olhos cheios de lágrimas, enquanto lê a carta que Ana Paula lhe deixou.
[... Fui embora porque não acreditava mais em nós. Espero que siga sua vida e que seja feliz ao lado de quem realmente te ame. Eu não te amo e acho que nunca te amei. Todo esse tempo que perdi ao seu lado, eu pretendo recuperar...]

"De uma forma ou de outra, os muros que construímos ao nosso redor acabam cedendo e tudo aquilo que era barrado desanda sobre nós..."
Rômulo estava deitado em sua cama, dormindo. Ele estava sonhando. Em seu sonho, ele caminhava dentro de uma casa. De repente ele chegava em um quarto e uma mulher lhe cobria os olhos. Ela sussurrava em seu ouvido... Abra os olhos amor... Ela beijava ele. Quando ela abria percebia que era Cíntia. Rômulo acorda assustado e bebe um pouco de água. Ele fica pensativo.

"Devemos então sempre se entregar de corpo e alma, mesmo sabendo que tudo o que fizermos terá uma reação, positiva ou negativa..."
A campainha da casa de Adonys toca. Ele caminha até a porta com cara de sono e abre. Era Roberta. Ela entra e abre o casaco. Estava nua. Ela se joga em cima dele beijando-o.

"A verdade é que um guerreiro deve escolher um caminho, e de cabeça erguida...”
Vanessa coloca uma carta sobre a mesinha de centro de sua casa e caminha lentamente em direção à porta.
Vanessa: Adeus, família!
Ela sai e começa a caminhar pela rua.

“... Não ter medo de seguir até o fim de sua jornada, sabendo que os problemas que surgirão jamais o tirarão de seu caminho."



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