sábado, 18 de outubro de 2014

Episódio 7: Jovens



[Narrado por Paula]
“Por horas temos momentos de nostalgia e tédio. Somos seres imperfeitos em busca de uma perfeição idealizada em nossos sonhos. A melhor maneira de lidar com estes momentos é termos sempre em nossa consciência que somos capazes de lidar com tudo que está a nossa volta, superando todos os desafios e as dificuldades que a vida nos impõe”.

O médico entra no quarto de Álvaro, ao lado de Lucas. Os pais dele estavam ao seu lado.

Mãe: Doutor, já fizeram os exames? O que deu?
Médico: Bem, tudo indica que o paciente perdeu os movimentos dos membros inferiores.
Álvaro: O quê? Então quer dizer que...
Médico: Isso mesmo! O quadro indica paraplegia. Sinto muito.
Álvaro: Paraplégico? Não pode ser... Não pode ser... Por favor, me diz que não é verdade.
Os pais de Álvaro ficam aflitos. Lucas chora ao ver o desespero do amigo. Álvaro grita de desespero.
Álvaro: Por favor, me diz que é mentira... Diz pra mim que eu vou ficar bem, diz...
A mãe de Álvaro abraça ele.
Mãe: Calma meu anjo, vai ficar tudo bem, estamos com você.
Álvaro: Eu não vou mais poder andar mãe...
Pai: Mas esse quadro não pode ser revertido doutor?
Médico: Paraplegia é algo complicado. Há casos em que pacientes recuperam os movimentos, mesmo que algumas sequelas. Em contrapartida, esse processo de recuperação pode demorar muito. Teremos que fazer fisioterapias diárias e vai ser preciso muito esforço por parte dele.
Mãe: Então isso significa que ele vai votar a andar doutor?
Médico: Infelizmente não posso lhe dar certeza disso, devido ao quadro atual do seu filho. Mas, não podemos perder a esperança.
Álvaro: Não, porque meu Deus?
Álvaro estava agoniado. Lucas assistia a tudo com peso na consciência.
Lucas: Estamos juntos nessa irmão!
Pai: Por favor, rapaz... Nos deixe a sós com o nosso filho.
Lucas concorda e se sai. Álvaro é abraçado pelos pais.

Cena 2
No colégio, Renato entra na sala de aula e senta em seu lugar. Ele se aproxima de Rogério.

Renato: Por acaso você viu o Fred?
Rogério: Não! A última vez que o vi ele disse que ia no banheiro.
Renato: Ok.
Enquanto isso, Alice e sua amiga Viviane, caminham pelo corredor em direção à sala de aula.
Alice: Eu só sei que a minha irmã levou uma bronca daquelas. Foi bem feito pra ela.
Viviane: Mas você não fica com pena dela. Coitada...
Alice: Não mesmo. Você não conhece a Vanessa. Ela passa essa imagem de menina santinha mais só quem convive com ela 24 horas por dia sabe bem quem é ela.
Viviane: Bom, se você diz.
Fred passa apressado pelas duas derrubando as coisas de Alice.
Alice: Ei, olha por onde anda garoto.
Fred continua sem dar ouvidos a ela.
Viviane: Nossa, o que deu nele? Parecia que estava chorando.
Alice: Sei lá. Me ajuda a pegar minhas coisas.

Cena 3
Cíntia estava explicando a matéria.

Cíntia: O teorema de Pitágoras é um caso particular da lei dos cossenos, do matemático persa Ghiyath al-Kashi, que permite o cálculo do comprimento do terceiro lado de qualquer triângulo, dados os comprimentos de dois lados e a medida de algum dos três ângulos.
Enquanto ela explicava, Rogério fixava seus olhos nela. Ela percebe, mas continua, enquanto escreve no quadro.
Cíntia: Sendo c o comprimento da hipotenusa e a e b os comprimentos dos catetos, o teorema pode ser expresso por meio da seguinte equação...
Elias Começa a rir enquanto rabisca algumas folhas do caderno. Cíntia vira e caminha até ele.
Cíntia: Não quer compartilhar sua graça com o resto da turma? Acho que eles também estão interessados em saber o que é mais importante que a meteria que estou passando no quadro.
Elias: Bom, sinceramente eu adoraria falar, mas não posso... Mas convenhamos que qualquer coisa é melhor que essas teorias malucas. Isso é coisa de gente doida. Aliás, qual é o número do seu terapeuta?
Cíntia: Se acha engraçadinho né? Vamos ver se vai ter toda essa engenhosidade de resposta quando estiver conversando com o diretor. Anda, para a direção.
Elias: O quê? Acho que já sou um pouco grandinho pra isso, não acha?
Cíntia: Acho que te dei uma ordem. Se eu estou mandando eu espero que atenda. Agora.
Elias olha para os lados, sendo observados por todos. Todos ficam em silêncio. Ele pega suas coisas e se retira da sala, dando de cara com Inaiá que estava passando pelo corredor.
Inaiá: Vejam só... Será que posso saber para onde o senhor pensa que vai?
Elias: Pergunte para ela.
Cíntia: O jovem está perturbando a aula e tirando a atenção dos demais alunos. Mandei ele para que converse com o diretor.
Inaiá: Muito bem, deixa que eu mesma conduzo este mocinho até ele. Vamos.
Inaiá leva Elias para a sala de Rômulo. Ela bate na porta.
Rômulo: Entre.
Inaiá: Com licença, mas este rapazinho foi retirado da sala por mal comportamento. Perturbação e indisciplina.
Rômulo: E ainda mais essa? Tudo bem, entre aqui rapaz.
Elias entra e senta em frente a ele.
Rômulo: Em que turma você estava?
Elias: Aula de matemática.
Rômulo: Professora Cíntia, suponho.
Elisa: Isso.
Rômulo: E o que aprontou de tão grave para ser expulso da aula.
Elias: Nada de mais. Apenas estava rindo de algo que meus colegas me falaram. Acho que a professora está um pouco estressada e por isso resolveu intimidar os alunos me fazendo de bode expiatório é claro.
Rômulo: Entendo. Bom, de qualquer forma, sala de aula não é local de conversa, neste ponto você está errado. Porém, não vejo porque aplicar nenhuma punição a você. Vá para a biblioteca e trate de estudar alguma coisa enquanto começa a próxima aula.
Elias: Tudo bem.
Elias se levanta e sai. Rômulo passa as mãos no rosto e volta a digitar no seu computador.

Cena 4
Marta arruma suas coisas para voltar para casa. Um carro para do outro lado da rua. Brando, pai de Elias e Paula, sai de dentro e caminha até ela.

Brandão: Bom dia.
Marta: O que você quer aqui?
Brandão: Então é assim que você está ganhando dinheiro?
Marta: Isso não é problema seu.
Brandão: Para com isso Marta, você sabe que eu ainda sou apaixonado por você...
Marta: Brandão, eu não tenho tempo para discutir com você. Acho que tudo o que tínhamos para dizer um ao outro já foi dito. Não insiste.
Brandão: Tudo bem, não vou te incomodar. Porém, sabe onde me achar. Manda um beijo para os meus filhos.
Brandão põe o óculo e volta para o carro e vai embora. Luis, o porteiro do colégio, se aproxima de Marta.
Luis: Quem era aquele homem?
Marta: Meu ex-marido. Ele insiste em tentar voltar comigo, não aceita minha decisão.
Luis: Sei como é. Deve ser bem irritante isso.
Marta: Mas eu sei impor limites nele.
Luis: Não tenho dúvidas.
Eles riem.

Cena 5
Casa de Leonor e Roberta.

Leonor: Mas você ficou louca? O que você tem nessa cabeça?
Roberta: Para, mãe. Eu sei o que estou fazendo.
Leonor: Você já imaginou se o Rômulo te pega falando com o Adonys? Eu não quero nem pensar nisso.
Roberta: O Rômulo não vai saber de nada. Ele nem sabe do Adonys. E além do mais eu não fiz nada demais. Apenas fui conversar com ele.
Leonor senta ao lado de Roberta.
Leonor: Ah é... E o que você tinha de tão importante para falar com esse pé rapado?
Roberto: Isso é assunto meu, mãe. Mas tudo bem, se vai te fazer ficar mais tranqüila, eu fui pedir para que ele pare de me perseguir. Fui perguntar o que ele estava fazendo no mesmo restaurante que eu e o Rômulo.
Leonor: E você acha que ele vai te deixar em paz assim, com você indo atrás dele toda vez que der de cara com ele em algum lugar? Você vai acabar perdendo o Rômulo, escuta o que eu estou te dizendo.
Roberta: Quer saber, eu vou tomar um banho que eu ganho bem mais.
Leonor: Isso, me ignora como se eu fosse uma louca. Eu sei muito bem da vida, mais até que você...
Roberta deixa Leonor falando sozinha.

Cena 6
Sônia, mãe de Fred, estava passando roupas na sala. Fred chega.

Sônia: Oi meu filho, chegou cedo.
Fred vai direto para o quarto, sem dizer nada. Sônia fica preocupada e vai atrás dele. Fred entra no quarto e fecha a porta. Ele joga a mochila sobre a cama e senta no chão com as mãos sobre a cabeça, chorando. Sônia bate na porta.
Sônia: Fred? Filho, tem alguma coisa errada?
Fred não responde.
Sônia: Fred, por favor, abre a porta. Aconteceu alguma coisa? Estou preocupada.
Fred segura o choro e responde.
Fred: Não aconteceu nada, mãe. Mas quero ficar um pouco sozinho. Por favor.
Sônia percebe que algo está estranho, mas respeita o pedido de Fred.
Sônia: Tudo bem, depois te aviso quando o almoço estiver pronto.
Fred volta a chorar.

Cena 7
Rômulo estava olhando alguns papéis. Cíntia bate em sua porta. Rômulo autoriza a entrada dela.

Cíntia: Me disseram que você queria falar comigo.
Rômulo: Sim! Por gentileza, queira se sentar.
Cíntia senta frente a gente com Rômulo.
Rômulo: Agora a pouco um de seus alunos esteve em minha sala, mandado por você.
Cíntia: Sim, mandei. Ele se comportou de uma forma totalmente desrespeitosa comigo. Não tive outra opção...
Rômulo: E você acha que tirando ele da sala iria intimidar os outros alunos?
Cíntia: O quê? Não, essa não é a minha idéia...
Rômulo: Sabe o que falta em você senhorita Benneto? Lhe falta pulso firme. Eu nunca tive que tomar atitudes como essa para mostrar autoridade para meus alunos.
Cíntia: Eu não acredito que estou sendo repreendida por ter mandado um aluno até você, por causa de sua indiciplina...
Rômulo: Não é repreensão senhorita Benneto, a questão é que a senhorita leva tudo para o pessoal.
Cíntia: O quê?
Rômulo: A senhorita é uma professora. Aqui no colégio seus problemas sociais não devem surtir reflexo e muito menos deve descontar nos seus alunos. Não permitirei mais nenhuma atitude desse tipo. Fui claro?
Cíntia: Tudo bem, já entendi. Não vou nem discutir porquê já vi que ninguém tem direito a autodefesa diante de você. Será feito exatamente como vossa majestade assim desejar.
Rômulo: Está vendo? Está sendo irônica.
Cíntia respira fundo.
Cíntia: Entendi o recado. Agora eu posso ir?
Rômulo: Tenha a bondade.
Cíntia se levanta e sai furiosa da sala de Rômulo.

Cena 8
Lucas estava sentado na sala de espera. Os pais de Álvaro aparecem e ele vai até o encontro deles.

Lucas: Como ele está? Já se acalmou?
Pai: Como você espera que ele esteja? Por sua culpa o meu filho teve sua vida toda destruída. Sabe qual era o sonho dele? Ser um atleta profissional, inclusive, já estava até sendo sondado por alguns empresários do mundo profissional do futebol. Mas agora, tudo o que vai restar para ele será uma cadeira de rodas e vária sessões de fisioterapias.
Lucas: Me desculpa, vocês tem todo o direito de me culparem, realmente assumo a responsabilidade...
Mãe: Assumir sua responsabilidade ainda te dá um pouco de dignidade, porém não vai diminuir a dor do nosso filho.
Pai: Isso não termina aqui. Acho melhor procurar um bom advogado. Passar bem. Ah, e antes que eu me esqueça... Não queremos você aqui. Então se já não tem nada para fazer aqui, vá embora.
Lucas fica triste e resolve ir embora. Ele caminha no pátio do hospital e Vanessa vê ele e grita.
Vanessa: Lucas!
Lucas olha para ela e vai ao seu encontro.
Lucas: Vanessa? O que faz aqui?
Vanessa: Soube do que aconteceu. Como você está? E o Álvaro?
Lucas: Eu estraguei tudo. Por minha culpa o Álvaro não vai mais poder andar.
Vanessa: O quê?
Lucas: Porque não foi eu que terminei desse jeito, pelo menos evitaria ver o meu amigo sofrendo daquele jeito. Eu fui o culpado...
Vanessa: Não, por favor, não diz isso...
Vanessa abraça Lucas. Raquel se aproxima e fica furiosa ao ver a cena.
Raquel: Que lindo! Será que devo aplaudir esta cena tão bonita?
Vanessa se afasta de Lucas.
Raquel: E então? Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?


 


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