[Narrado por Paula]
“Por
horas temos momentos de nostalgia e tédio. Somos seres imperfeitos em busca de
uma perfeição idealizada em nossos sonhos. A melhor maneira de lidar com estes
momentos é termos sempre em nossa consciência que somos capazes de lidar com
tudo que está a nossa volta, superando todos os desafios e as dificuldades que
a vida nos impõe”.
O médico entra no quarto de Álvaro, ao lado
de Lucas. Os pais dele estavam ao seu lado.
Mãe:
Doutor, já fizeram os exames? O que deu?
Médico: Bem, tudo indica que o paciente perdeu os movimentos dos
membros inferiores.
Álvaro: O quê? Então quer dizer que...
Médico: Isso mesmo! O quadro indica paraplegia. Sinto muito.
Álvaro: Paraplégico? Não pode ser... Não pode ser... Por favor, me diz
que não é verdade.
Os pais de Álvaro ficam aflitos. Lucas chora
ao ver o desespero do amigo. Álvaro grita de desespero.
Álvaro: Por favor, me diz que é mentira... Diz pra mim que eu vou
ficar bem, diz...
A mãe de Álvaro abraça ele.
Mãe:
Calma meu anjo, vai ficar tudo bem, estamos com você.
Álvaro: Eu não vou mais poder andar mãe...
Pai:
Mas esse quadro não pode ser revertido doutor?
Médico: Paraplegia é algo complicado. Há casos em que pacientes
recuperam os movimentos, mesmo que algumas sequelas. Em contrapartida, esse
processo de recuperação pode demorar muito. Teremos que fazer fisioterapias
diárias e vai ser preciso muito esforço por parte dele.
Mãe:
Então isso significa que ele vai votar a andar doutor?
Médico: Infelizmente não posso lhe dar certeza disso, devido ao quadro
atual do seu filho. Mas, não podemos perder a esperança.
Álvaro: Não, porque meu Deus?
Álvaro estava agoniado. Lucas assistia a tudo
com peso na consciência.
Lucas: Estamos juntos nessa irmão!
Pai:
Por favor, rapaz... Nos deixe a sós com o nosso filho.
Cena 2
No colégio, Renato
entra na sala de aula e senta em seu lugar. Ele se aproxima de Rogério.
Renato: Por acaso você viu o Fred?
Rogério: Não! A última vez que o vi ele disse
que ia no banheiro.
Renato: Ok.
Enquanto isso,
Alice e sua amiga Viviane, caminham pelo corredor em direção à sala de aula.
Alice: Eu só sei que a minha irmã levou uma
bronca daquelas. Foi bem feito pra ela.
Viviane: Mas você não fica com pena dela.
Coitada...
Alice: Não mesmo. Você não conhece a
Vanessa. Ela passa essa imagem de menina santinha mais só quem convive com ela
24 horas por dia sabe bem quem é ela.
Viviane: Bom, se você diz.
Fred passa
apressado pelas duas derrubando as coisas de Alice.
Alice: Ei, olha por onde anda garoto.
Fred continua sem
dar ouvidos a ela.
Viviane: Nossa, o que deu nele? Parecia que
estava chorando.
Alice: Sei lá. Me ajuda a pegar minhas
coisas.
Cena 3
Cíntia estava
explicando a matéria.
Cíntia: O teorema de Pitágoras é um caso particular
da lei dos cossenos, do matemático persa Ghiyath
al-Kashi, que permite o cálculo do comprimento do terceiro lado de qualquer
triângulo, dados os comprimentos de dois lados e a medida de algum dos três
ângulos.
Enquanto ela
explicava, Rogério fixava seus olhos nela. Ela percebe, mas continua, enquanto
escreve no quadro.
Cíntia: Sendo c o comprimento da hipotenusa e a
e b os comprimentos dos catetos, o
teorema pode ser expresso por meio da seguinte equação...
Elias Começa a rir
enquanto rabisca algumas folhas do caderno. Cíntia vira e caminha até ele.
Cíntia: Não quer compartilhar sua graça com
o resto da turma? Acho que eles também estão interessados em saber o que é mais
importante que a meteria que estou passando no quadro.
Elias: Bom, sinceramente eu adoraria falar,
mas não posso... Mas convenhamos que qualquer coisa é melhor que essas teorias
malucas. Isso é coisa de gente doida. Aliás, qual é o número do seu terapeuta?
Cíntia: Se acha engraçadinho né? Vamos ver
se vai ter toda essa engenhosidade de resposta quando estiver conversando com o
diretor. Anda, para a direção.
Elias: O quê? Acho que já sou um pouco
grandinho pra isso, não acha?
Cíntia: Acho que te dei uma ordem. Se eu
estou mandando eu espero que atenda. Agora.
Elias olha para os
lados, sendo observados por todos. Todos ficam em silêncio. Ele pega suas
coisas e se retira da sala, dando de cara com Inaiá que estava passando pelo
corredor.
Inaiá: Vejam só... Será que posso saber
para onde o senhor pensa que vai?
Elias: Pergunte para ela.
Cíntia: O jovem está perturbando a aula e
tirando a atenção dos demais alunos. Mandei ele para que converse com o
diretor.
Inaiá: Muito bem, deixa que eu mesma
conduzo este mocinho até ele. Vamos.
Inaiá leva Elias
para a sala de Rômulo. Ela bate na porta.
Rômulo: Entre.
Inaiá: Com licença, mas este rapazinho foi
retirado da sala por mal comportamento. Perturbação e indisciplina.
Rômulo: E ainda mais essa? Tudo bem, entre
aqui rapaz.
Elias entra e senta
em frente a ele.
Rômulo: Em que turma você estava?
Elias: Aula de matemática.
Rômulo: Professora Cíntia, suponho.
Elisa: Isso.
Rômulo: E o que aprontou de tão grave para
ser expulso da aula.
Elias: Nada de mais. Apenas estava rindo de
algo que meus colegas me falaram. Acho que a professora está um pouco estressada
e por isso resolveu intimidar os alunos me fazendo de bode expiatório é claro.
Rômulo: Entendo. Bom, de qualquer forma,
sala de aula não é local de conversa, neste ponto você está errado. Porém, não
vejo porque aplicar nenhuma punição a você. Vá para a biblioteca e trate de
estudar alguma coisa enquanto começa a próxima aula.
Elias: Tudo bem.
Elias se levanta e
sai. Rômulo passa as mãos no rosto e volta a digitar no seu computador.
Cena 4
Marta arruma suas
coisas para voltar para casa. Um carro para do outro lado da rua. Brando, pai
de Elias e Paula, sai de dentro e caminha até ela.
Brandão: Bom dia.
Marta: O que você quer aqui?
Brandão: Então é assim que você está ganhando
dinheiro?
Marta: Isso não é problema seu.
Brandão: Para com isso Marta, você sabe que
eu ainda sou apaixonado por você...
Marta: Brandão, eu não tenho tempo para
discutir com você. Acho que tudo o que tínhamos para dizer um ao outro já foi
dito. Não insiste.
Brandão: Tudo bem, não vou te incomodar.
Porém, sabe onde me achar. Manda um beijo para os meus filhos.
Brandão põe o óculo
e volta para o carro e vai embora. Luis, o porteiro do colégio, se aproxima de
Marta.
Luis: Quem era aquele homem?
Marta: Meu ex-marido. Ele insiste em tentar
voltar comigo, não aceita minha decisão.
Luis: Sei como é. Deve ser bem irritante isso.
Marta: Mas eu sei impor limites nele.
Luis: Não tenho dúvidas.
Eles riem.
Cena 5
Casa de Leonor e
Roberta.
Leonor: Mas você ficou louca? O que você tem
nessa cabeça?
Roberta: Para, mãe. Eu sei o que estou
fazendo.
Leonor: Você já imaginou se o Rômulo te pega
falando com o Adonys? Eu não quero nem pensar nisso.
Roberta: O Rômulo não vai saber de nada. Ele
nem sabe do Adonys. E além do mais eu não fiz nada demais. Apenas fui conversar
com ele.
Leonor senta ao
lado de Roberta.
Leonor: Ah é... E o que você tinha de tão
importante para falar com esse pé rapado?
Roberto: Isso é assunto meu, mãe. Mas tudo
bem, se vai te fazer ficar mais tranqüila, eu fui pedir para que ele pare de me
perseguir. Fui perguntar o que ele estava fazendo no mesmo restaurante que eu e
o Rômulo.
Leonor: E você acha que ele vai te deixar em
paz assim, com você indo atrás dele toda vez que der de cara com ele em algum
lugar? Você vai acabar perdendo o Rômulo, escuta o que eu estou te dizendo.
Roberta: Quer saber, eu vou tomar um banho
que eu ganho bem mais.
Leonor: Isso, me ignora como se eu fosse uma
louca. Eu sei muito bem da vida, mais até que você...
Roberta deixa
Leonor falando sozinha.
Cena 6
Sônia, mãe de Fred,
estava passando roupas na sala. Fred chega.
Sônia: Oi meu filho, chegou cedo.
Fred vai direto
para o quarto, sem dizer nada. Sônia fica preocupada e vai atrás dele. Fred
entra no quarto e fecha a porta. Ele joga a mochila sobre a cama e senta no
chão com as mãos sobre a cabeça, chorando. Sônia bate na porta.
Sônia: Fred? Filho, tem alguma coisa
errada?
Fred não responde.
Sônia: Fred, por favor, abre a porta.
Aconteceu alguma coisa? Estou preocupada.
Fred segura o choro
e responde.
Fred: Não aconteceu nada, mãe. Mas quero ficar um pouco
sozinho. Por favor.
Sônia percebe que
algo está estranho, mas respeita o pedido de Fred.
Sônia: Tudo bem, depois te aviso quando o
almoço estiver pronto.
Fred volta a
chorar.
Cena 7
Rômulo estava
olhando alguns papéis. Cíntia bate em sua porta. Rômulo autoriza a entrada
dela.
Cíntia: Me disseram que você queria falar
comigo.
Rômulo: Sim! Por gentileza, queira se
sentar.
Cíntia senta frente
a gente com Rômulo.
Rômulo: Agora a pouco um de seus alunos
esteve em minha sala, mandado por você.
Cíntia: Sim, mandei. Ele se comportou de uma
forma totalmente desrespeitosa comigo. Não tive outra opção...
Rômulo: E você acha que tirando ele da sala
iria intimidar os outros alunos?
Cíntia: O quê? Não, essa não é a minha
idéia...
Rômulo: Sabe o que falta em você senhorita
Benneto? Lhe falta pulso firme. Eu nunca tive que tomar atitudes como essa para
mostrar autoridade para meus alunos.
Cíntia: Eu não acredito que estou sendo
repreendida por ter mandado um aluno até você, por causa de sua indiciplina...
Rômulo: Não é repreensão senhorita Benneto,
a questão é que a senhorita leva tudo para o pessoal.
Cíntia: O quê?
Rômulo: A senhorita é uma professora. Aqui
no colégio seus problemas sociais não devem surtir reflexo e muito menos deve
descontar nos seus alunos. Não permitirei mais nenhuma atitude desse tipo. Fui
claro?
Cíntia: Tudo bem, já entendi. Não vou nem
discutir porquê já vi que ninguém tem direito a autodefesa diante de você. Será
feito exatamente como vossa majestade assim desejar.
Rômulo: Está vendo? Está sendo irônica.
Cíntia respira
fundo.
Cíntia: Entendi o recado. Agora eu posso ir?
Rômulo: Tenha a bondade.
Cíntia se levanta e
sai furiosa da sala de Rômulo.
Cena 8
Lucas estava
sentado na sala de espera. Os pais de Álvaro aparecem e ele vai até o encontro
deles.
Lucas: Como ele está? Já se acalmou?
Pai: Como você espera que ele esteja? Por sua culpa o
meu filho teve sua vida toda destruída. Sabe qual era o sonho dele? Ser um
atleta profissional, inclusive, já estava até sendo sondado por alguns
empresários do mundo profissional do futebol. Mas agora, tudo o que vai restar
para ele será uma cadeira de rodas e vária sessões de fisioterapias.
Lucas: Me desculpa, vocês tem todo o
direito de me culparem, realmente assumo a responsabilidade...
Mãe: Assumir sua responsabilidade ainda te dá um pouco
de dignidade, porém não vai diminuir a dor do nosso filho.
Pai: Isso não termina aqui. Acho melhor procurar um bom
advogado. Passar bem. Ah, e antes que eu me esqueça... Não queremos você aqui.
Então se já não tem nada para fazer aqui, vá embora.
Lucas fica triste e
resolve ir embora. Ele caminha no pátio do hospital e Vanessa vê ele e grita.
Vanessa: Lucas!
Lucas olha para ela
e vai ao seu encontro.
Lucas: Vanessa? O que faz aqui?
Vanessa: Soube do que aconteceu. Como você
está? E o Álvaro?
Lucas: Eu estraguei tudo. Por minha culpa o
Álvaro não vai mais poder andar.
Vanessa: O quê?
Lucas: Porque não foi eu que terminei desse
jeito, pelo menos evitaria ver o meu amigo sofrendo daquele jeito. Eu fui o
culpado...
Vanessa: Não, por favor, não diz isso...
Vanessa abraça
Lucas. Raquel se aproxima e fica furiosa ao ver a cena.
Raquel: Que lindo! Será que devo aplaudir
esta cena tão bonita?
Vanessa se afasta
de Lucas.
Raquel: E então? Alguém pode me explicar o
que está acontecendo aqui?
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