[Narrado por Fred]
“Há
homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e
estes são imprescindíveis”.
Raquel se aproxima de
Vanessa e Lucas e fica furiosa ao vê-los abraçados.
Raquel: Que lindo! Será que devo aplaudir
esta cena tão bonita?
Vanessa se afasta
de Lucas.
Raquel: E então? Alguém pode me explicar o
que está acontecendo aqui?
Lucas: Não está acontecendo nada demais,
Raquel.
Raquel: Ah, não? E pode me dizer o que está
fazendo abraçado com essa aí?
Lucas: Ela apenas estava me dando um
apoio...
Raquel: Apoio? Ah, não se faça de idiota,
Lucas. Eu sei muito bem que essa garota gosta de você. Mas escuta bem garota,
fica longe do Lucas, ele é meu namorado e você não tem nada que se aproximar
dele, entendeu?
Lucas: Para com isso, Raquel! Já chega.
Raquel: E você vai defender ela? Era só o
que me faltava.
Vanessa: Tudo bem, me desculpa, Lucas. Eu não
deveria mesmo ter vindo. Desculpa.
Lucas: Não. Espera, Vanessa...
Vanessa vai embora
apressada.
Raquel: Lucas, não ouse ir atrás dela. Já
chega tudo o que eu vi.
Lucas: Eu não acredito que você fez isso.
Sabe que odeio quando você faz esse tipo de coisa.
Raquel se aproxima
dele e abraça ele.
Raquel: Eu sei amor, mas é que eu não
suporto ver outra pessoa te abraçando. Você é meu namorado. Por caso gostaria
de ver outro homem me abraçando?
Lucas: Uma coisa não justifica outra, o que
você fez foi horrível.
Raquel: Ta, ta, ta... Desculpa, mas vamos
esquecer isso. Como você está? Queria ter vindo antes, mas tive que ir na aula
primeiro. Sua mãe me disse que você estava bem...
Lucas: Estou legal...
Raquel: Certeza?
Lucas: Já disse que sim.
Raquel dá um beijo
em Lucas que permanece frio.
Cena 2
Fred estava
deitado sobre sua cama com o seu diário aberto. Ele mantinha esse diário em
sigilo absoluto, pois nele, Fred contava tudo que lhe acontecia, de bom e de
ruim. Inclusive seus medos e seus sonhos. Ele estava escrevendo...
[Quando eu me descobri gay, sabia que iria ter
de enfrentar diversos desafios ao longo de minha vida. Hoje foi um dia difícil,
em mais um daqueles em que sou vítima de pessoas que não me entendem e não tem
a capacidade se colocarem em meu lugar. A situação em que vivo agora não foi a
primeira e nem será a ultima vez que vou. Sei que enquanto eu viver, terei que
aprender a conviver com essas coisas, e tentar ser forte, o máximo possível...]
Gabriel entra no
quarto e Fred fecha o diário, colocando-o debaixo do travesseiro.
Fred: Gabriel, porque você não bateu na porta?
Gabriel: Desculpa, não sabia que estava ocupado.
Fred: Tudo bem, o que você quer?
Gabriel: Eu vim te mostrar a minha nova coleção de
planetas...
Fred: Gabriel, desculpa, mas eu não estou com cabeça
pra nada disso hoje. Me desculpa.
Gabriel: Tudo bem, te mostro outra hora então.
Gabriel sai do
quarto frustrado. Fred deita sobre a cama e coloca o travesseiro sobre o rosto.
Cena 3
Eliane chega em
sua casa, na companhia de Cíntia.
Eliane: Pode entrar e ficar a vontade, já pode se sentir
de casa.
Cíntia: Obrigada. Nossa, muito lindo seu apartamento.
Eliane: Obrigada!
Elas senta no
sofá.
Eliane: Agora tudo o que você precisa fazer é só trazer
suas coisas.
Cíntia: Farei isso hoje mesmo.
Cíntia passa as
mãos sobre a cabeça descendo até a nuca.
Eliane: Estou percebendo que você está muito tensa.
Cíntia: Digamos que a minha conversa com o todo poderoso
não foi nada amigável. Eu nunca vi um homem tão arrogante quanto este Rômulo
Villani. Quem ele pensa que é para me dizer como eu devo me portar com os meus
alunos?
Eliane: Infelizmente os Villanis são muito rudes. O pai
dele, seu Bernardo, era um tanto quanto ele. Não é a toa que o filho seja do
mesmo jeito.
Cíntia: Talvez fosse melhor a direção do colégio nas mãos
de alguém que não fosse um Villani.
Eliane: Talvez, mas infelizmente o colégio é dessa
família e é muito pouco provável que venha a ter como diretor alguém que não
seja da família.
Cíntia: O que nos resta a se conformar com a situação.
Eliane: Exatamente. Bom, vou pegar algo para bebermos, o
calor está muito forte. Gosta de limonada?
Cíntia: Sim!
As duas se dirigem
em direção à cozinha conversando.
Cena 4
Brandão está
olhando alguns papéis em uma prancheta. Elias aparece.
Elias: Fala, pai!
Brandão: E ae, filhão!
Surpresa boa.
Eles se abraçam.
Elias: Passei mesmo só
pra te dar um oi e saber como você está?
Brandão: Estou ótimo.
Fico feliz que tenha vindo me visitar. E sua irmã, como está?
Elias: Como sempre, uma
chata.
Brandão: Não fala assim
da sua irmã. É o jeito dela. Mas você não... Você é o meu campeão! Meu orgulho.
Futuro lutador profissional.
Brandão chacoalha o cabelo de Elias e coloca o
braço em volta do pescoço dele, enquanto riem.
Cena 5
Ana Paula está
sentada no sofá, com um aspecto de sofrimento. Sérgio abre a porta e entra. Ele
coloca sua pasta sobre a mesa e vai até ela.
Sérgio: Oi, meu amor!
Ele tenta lhe dar
um beijo, mas Ana Paula vira o rosto. Ele senta do lado dela e fica
observando-a por alguns segundos.
Sérgio: O que aconteceu com nós? Porque você não me diz o
motivo de tudo isso?
Ana Paula continua
em silêncio.
Sérgio: Você está apaixonada por outro homem? É isso?
Mais silêncio.
Sérgio: Será que pode responder as minhas perguntas? Eu
mereço que seja franca comigo. Porque você está sendo tão fria assim?
Ana Paula olha
para Sérgio.
Ana Paula: Eu não tenho nada para te dizer. Já te disse que
quero o divórcio. É simples.
Sérgio: Simples? Do dia para a noite você resolve
destruir nossa história e acha tudo simples?
Ana Paula: Eu não quero saber de dramas. É a minha vontade.
Não estou feliz ao seu lado, puxa vida, será custa você entender isso?
Sérgio: Custa! Custa muito. Isso não é explicação
suficiente para que eu desista de tudo o que eu sinto por você.
Ana Paula: Então eu só lamento por você.
Ana Paula se levanta
e sai da sala. Sérgio olha para o teto e fica com os olhos lacrimejando.
Cena 6
Vanessa chega em
casa e Beatriz vem ao seu encontro.
Beatriz: Será que eu posso saber onde a senhorita estava
até essa hora?
Vanessa: Fui ver um colega meu que sofreu um acidente...
Beatriz: Ver um colega? Por acaso esqueceu que está de
castigo?
Vanessa: Mãe, por favor...
Beatriz: Por favor, digo eu, Vanessa. Estou cansada de
ficar o tempo todo reclamando com você. Está na hora de você passar a ter mais
responsabilidade e respeito diante dos seus pais. Se te falamos algo é porque é
o correto a fazer.
Alice observava
tudo escondida, estava se divertindo com as broncas que Beatriz estava dando em
Vanessa.
Beatriz: Espero que isso não se repita. Nem falarei nada
para o seu pai, mas se voltar a desobedecer, você verá o que iremos fazer.
Vanessa: Como assim? Isso é uma ameaça?
Beatriz: Aviso! Apenas isso. Agora vá para o seu quarto.
Vanessa sobe
enxugando as lágrimas. E Beatriz fica na sala com uma mão na cabeça e a outra
na cintura, respirando profundamente.
Cena 7
NOITE. Na casa de
Renato, ele estava sentado em sua cama ouvindo música no celular. Seu pai,
Leonardo, bate na porta e entra. Renato tira os fones do ouvido.
Leonardo: E ai filho? Tudo bem?
Renato: Tudo certo, pai.
Leonardo: Resolvi fugir um pouco da sua mãe.
Renato: Ela está naqueles dias?
Leonardo: Digamos que sim.
Renato: Pai, por acaso você já gostou de uma garota que
não podia ter?
Leonardo: Como assim filho? Acho que não existe garota
inalcançável, desde que tenha algum grau de parentesco impedindo...
Renato: Não, não é bem a isso que me refiro. O que eu
quero dizer é se por acaso você já se sentiu atraído por uma amiga sua?
Leonardo: Ah, entendi. Então quer dizer que o meu garotão
está gostando de uma amiguinha?
Leonardo dá uma
risada.
Renato: Para, pai, é sério.
Leonardo: Certo, desculpa. Bom, neste caso é um pouco
delicado, mas não acredito que seja impossível. Porque não tenta dizer para ela
o que sente. Se for mesmo algo verdadeiro, você não vai perder nada.
Renato: Mas e se eu acabar de alguma forma fazendo com
que ela se afaste de mim? Não sei como lidaria com isso.
Leonardo: Bom, é uma escolha a se fazer... Mas se quer um
conselho, não tenha medo de perder. Às vezes, é tendo medo de perder que
acabamos perdendo. Pensa nisso.
Renato: Pois é, você tem razão.
Leonardo: Tenho certeza de que você fará a coisa certa.
Você é inteligente.
Renato: Obrigado por me ouvir.
Leonardo: Como assim? Você não tem o que agradecer, é para
isso que eu estarei sempre aqui. Conta sempre comigo filhão.
Eles se abraçam.
Cena 8
Vanessa estava
olhando algumas fotos que ela havia tirado com seus amigos. Algumas excursões
de colégio, festas e até mesmo de passeios de finais de semana. Paula liga e
ela atende.
Vanessa: Oi amiga!
Uma voz de choro.
Paula: Oi Nessa! Que houve? Está com voz de choro.
Vanessa começa a
chorar enquanto fala com Paula.
Vanessa: Ai amiga, eu não estou aguentando mais essa
ditadura aqui em casa, estou me sentindo sufocada.
Paula: Calma amiga, você não está sozinha, estou aqui.
Pode desabafar comigo. E se precisar chora a vontade, isso vai te fazer se
sentir melhor.
Vanessa: Eu queria sumir...
Paula: Não fala isso amiga, você é muito importante para
todos nós que somo seus amigos. Nunca diga isso novamente. Sei que é difícil se
sentir controlada, mas logo isso vai passar. Mas você não pode se render assim.
Vanessa: Obrigada, amiga.
Vanessa continua
chorando e falando com Paula.
Cena 9
Joana estava sentada
em um banco de uma pracinha. Um carro para e ela caminha até ele. Era Dênis que
estava dirigindo.
Dênis: Entra aí, vamos dar uma volta. Conheço um lugar
bem legal.
Joana: Não sei se devo. Porque não ficamos por aqui
mesmo?
Dênis: Joana, você me conhece. Eu não sou nenhum
psicopata. Confia em mim, você vai adorar o lugar que eu quero te mostrar.
Joana fica
pensativa, mas entra no carro. Ela coloca o cinto.
Dênis: Você está linda.
Ele liga o carro e
sai dirigindo.
Cena 10
Simone entra no
quarto e encontra seu marido mexendo no laptop.
Simone: Tenho uma boa notícia para te dar.
Omar: Que notícia? Não vai me dizer que está grávida...
Simone: Claro que não. É sobre o que tinha te prometido,
lembra?
Omar: Ah, sim! E aí?
Simone: E aí que eu já comecei a mexer meus pauzinhos. Em
breve Rômulo Villani será colocado para fora do colégio Alberto Villani e você,
assumirá este lugar.
Omar: Sonho com isso? Mas você tem certeza do que
planeja fazer?
Simone: Apenas confie em mim. Se te prometi, eu vou
cumprir.
Omar: É por isso que eu te amo, sabia?
Eles se beijam e
rolam sobre a cama.
Cena 11
O celular de
Renato toca e ele atende. Era Rogério.
Renato: Oi Rogério!
Rogério: E ae, beleza?
Renato: Tranquilo. E você? Não espera que me ligasse.
Rogério: Pois é, mas preciso contar uma coisa para alguém
e só me lembrei de você. Não que eu não confie nos outros, mas você é meu
brother de mais tempo. Me sinto mais seguro te falando.
Renato: Aconteceu alguma coisa?
Rogério: Ainda não. Mas eu não sei ainda como tudo isso
pode terminar.
Renato: Não estou entendendo.
Rogério: Só te peço que não comente isso com ninguém.
Cara, eu estou amarradão na professora Cíntia!
Renato: Como é que é?
Renato fica
surpreso. Eles ficam conversando.
Cena 12
Dênis para o carro
no alto de uma estrada que dá para ver um pedaço da cidade iluminada. O céu
estava coberto de estrelas. Eles saem do carro.
Joana: Nossa, que linda essa vista.
Dênis: Eu disse que você ia gostar.
Joana: Incrível!
Joana abre os
braços e fecha os olhos, respirando lentamente. Dênis observa ela por alguns
segundos e pega na mão dela. Joana abre os olhos e encara ele.
Dênis: Eu sempre quis ficar com você. Você é muito
linda.
Joana: Dênis, eu...
Dênis: Xiii... Por favor, não fala nada.
Dênis beija Joana.
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