segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Episódio 10: Reaper

Paro por um instante, olho de volta para Luna, que agora está com um sorriso cínico no meio da cara.
— Perdeu alguma coisa?
— Onde você ouviu essa frase? – Pergunto.
— Querido, essa frase é passada de geração em geração. Mas, você não deveria estar caçando a minha mentora?
— Escuta, quer o seu cajado? Ótimo, eu entregarei o seu cajado. Mas você terá que jurar proteção a mim e à Chloe, combinado?
— Combinado. Agora me tira daqui.
— Não. Você vai ficar aqui e eu vou atrás da sua mentora.
— Você acha mesmo que vai conseguir vencer ela? Poupe-me, vai precisar de ajuda.
— E como eu saberei que posso confiar em você?
— Se eu quisesse te matar, teria te matado lá no templo. Tira-me logo daqui!
Com o cajado, desativo a mágica que prendia Luna no alçapão. Subimos as escadas e vamos para o meu quarto, onde Luna começa a contar tudo sobre mim para Chloe. Enquanto isso, eu começo a me arrumar e começo a colocar o meu uniforme de ceifeiro. Tiro a minha camisa e vou procurar o meu casaco.
— Ei, se vista em outro lugar!
— Vocês que estão no meu quarto.
Acho o meu casaco e o visto. Não acho uma boa ideia que Chloe fique neste mundo, mas Luna faz um feitiço de proteção apenas falando em uma língua maluca. Pego o cajado de Luna e faço aparecer um carro, pois a minha moto não anda em terra. Entramos no carro e Luna vai dirigir.

[...]

Chegamos ao local, um castelo velho e – aparentemente – abandonado. Está cheio de musgo ao redor das paredes e o lago verde ao lado do castelo dá a impressão de que o castelo fora construído sobre um pântano. Luna e eu abrimos o portão enferrujado da frente e andamos por um caminho de pedras até chegarmos à porta do castelo. Da janela lateral, saem um grupo de morcegos tão barulhentos quanto um giz arranhando o quadro negro. Na porta do castelo, encontra-se uma alavanca em forma de gárgula, Luna dá uma sequência de batidas – dois, um, dois, três, um – e a porta imediatamente se abre.
— Por que você fez essa sequência?
— É uma sequência secreta de magas. Cada tipo de ser sobrenatural tem um. Vampiros, Lobisomens, Bruxas, Feiticeiras, Magas, Animagos, Caçadores e até mesmo Zumbis. Criança, você ainda tem muito o que aprender.
Entramos no castelo. O primeiro cômodo, o hall de entrada, tem paredes com rachaduras, teias de aranha por todo canto, mais gárgulas, no alto, um lustre no centro e uma escadaria enorme, que eu e Luna subimos.
Após subirmos uns duzentos degraus, chegamos a um andar. Nele encontra-se uma sala cheia de bruxas. Luna entra na sala e eu a sigo.
— Boa tarde, senhorita Mitchell. Achei que não se juntaria a nós.
— Eu tive um contratempo. Mas consegui recuperar este ceifeiro aqui. – Luna aponta para mim.
— Admirável. Vamos rapaz, sente-se.
Luna e eu sentamos nas duas cadeiras vazias no fundo da sala. A mulher mais velha nos entrega dois exemplares de “As diferenças entre magas e feiticeiras, volume 2” e logo em seguida, são entregues a nós duas varinhas e dois sapos.
— Luna, o que é isso aqui?
— É uma versão pobre de Hogwarts. Nunca assistiu Harry Potter?
— É claro que já, eu sou nerd, caso não saiba.
— Você é um ceifeiro, e está aqui em missão.
— Falando nisso, onde está essa tal Carla Geller?
— Eu estou bem aqui. – Uma voz rouca pronuncia. Carla é a moça que nos entregou os materiais.
— Posso falar com você em particular?
— Claro.
Carla faz um feitiço com sua varinha e deixa todos da sala – com exceção de nós dois e Luna – cobertos numa vermelhidão. Ela paralisou o resto da sala.
— Em que posso ajudar.
— Morte quer que eu acabe com você.
— E é desse jeito que você vem fazer isso? Me avisando?
— Não. Olha, eu só não quero que minha amiga se machuque.
— Namorada. – Diz Luna.
— Cala a boca. Então Carla, eu estou me virando contra Morte. Eu também tenho um gato, ele morreu no meu mundo, mas no mundo em que estamos ele está vivo. Você poderia tomar conta dele para mim?
— Isso é muita informação de uma vez. Traga a menina também, vou deixar ela com os caçadores para aprender a usar arco e flecha. Quanto ao gato, eu vou deixá-lo com o nosso criador de animais.
— Quem é esse criador?
— No fundo da sala.
Olho para o fundo da sala em busca desse tal criador de animais. Tudo que vejo é um garoto aparentemente da minha idade. Mas eu conheço esse garoto.

É o Ed.

Nenhum comentário:

Postar um comentário