quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Episódio 11: Reaper

Meus olhos ficam arregalados com o que vejo. Faço questão de esfregá-los mais de uma vez para ter certeza do que eu vi. Luna me dá umas cutucadas com o cotovelo, que acaba me fazendo voltar à prestar atenção.
— Chase Davenport, conheça o nosso criador de animais, Ed Baldwin.
— Dona Geller, na verdade, nós já nos conhecemos.
— Já?
— Sim, éramos amigos até que ele se mudou do nada.
— Ahh. Mas sabe como é. Lobisomens não podem ficar vagando por aí no mundo humano.
— LOBISOMENS? – Grito, Luna cobre os olhos de vergonha.

[...]

Luna, Ed e eu voltamos à minha casa. Eu recebi um chamado de Morte e nós temos que tirar Chloe e Sleepy de casa o mais rápido possível. Passamos uns minutos arrumando as coisas até que Ed vem nos avisar que sua van está pronta.
Colocamos Sleppy no banco de trás da van. Ele mal deitou e já foi dormir. Luna entra no banco do motorista e Ed vai pegar alguma coisa dentro de casa. Tenho um momento a sós com Chloe.
— Eu não quero ir. – Diz ela.
— Mas você precisa, ficará mais segura no castelo.
— E quanto a você?
— Eu ficarei bem. Tentarei enganar Morte o máximo que eu puder.
— Promete que vai voltar?
— Prometo.
Chloe me abraça e eu dou um beijo na sua testa como sinal de adeus. Nossos olhos se encontram e acabamos nos beijando. Sinto as mãos dela sendo colocadas ao redor do meu pescoço, e retribuo o gesto colocando minhas mãos em sua cintura. Nossa química corporal é imensa. Mas tenho que me separar dela, para o nosso próprio bem. Paramos de nos beijar e apenas um abraço caloroso nos conforta.
— Eu estarei esperando por você.
Chloe entra na van e fecha a porta. Ed entrega o meu pingente de foice à Luna e só agora eu percebo que o havia perdido novamente. Luna liga a van e em questão de segundos, a van desaparece no ar, foi tele-transportada.
— Por que você não foi com eles? – Pergunto à Ed.
— Porque eu vou te seguir na missão.
— Eu não acho que isso será necessário, lobisomem.
Essa voz desperta a minha confusão total. Morte está aqui, em algum lugar da minha casa. Puxo a minha foice e fico preparado para o ataque. Ed e eu ficamos de costas um para o outro, observando cada ângulo de visão. Morte surge no final da rua e lança uma bola de fogo na minha casa.
A explosão é inevitável. O fogo consumiu tanto a mim como a Ed. Não haveria como escaparmos se nós dois não fossemos criaturas sobrenaturais e Morte sabe disso. Os destroços da casa desabam sobre nossos corpos e minha foice perfura a minha coluna.
Morte utiliza tele-cinese e faz com que os nossos corpos – o meu e o de Ed – fiquem pairando no ar. Ele puxa a minha foice das minhas costas muito rapidamente e a dor que eu sinto é indescritível. Sua mão segura o meu pescoço e começa a estrangulá-lo pouco a pouco, até que ele me atira no chão. Um outro homem, forte e loiro caminha em nossas direções com uma garota nas costas.
Este homem está trazendo Zoe.
— Você realmente achou que poderia me derrotar, ceifeiro?
— Faça o que quiser, não machuque a garota.
— O trato permanecerá o mesmo, você volta a trabalhar para mim, eu deixo a garota viver.
O homem loiro coloca Zoe em pé no chão, e eu vejo as lágrimas escorrendo pelos seus olhos. Ela está amordaçada e com as mãos amarradas, incapaz de se mover, mas o medo em seu rosto é evidentemente suficiente para que eu me renda.
— Tudo bem, eu volto a trabalhar para você.
— Sua palavra não me convencerá mais. Eu vou pegar algo mais importante. Sabe, o seu gato Sleepy só existiu neste mundo porque a sua mente quis que ele existisse, assim como o cajado de Luna faz. – Morte esfrega as suas mãos e estala-as – Eu acho que cuidarei dele mais tarde. Por hora, vamos tomar conta de você.
A mão de Morte penetra o meu peito e arranca o meu coração. Ainda estou vivo, mas sinto que serei dependente dele. Meu coração está em suas mãos e cada vez que ele aperta-o, sinto minha respiração parar, ou minha consciência desaparecer. O homem loiro entrega uma caixa para Morte e este deposita o meu coração na mesma.
— Este homem loiro que você está vendo, se chama Silas Woodcomb. Ele é um vampiro. Silas, faça o seu trabalho por favor, eu já acabei por aqui.
Morte desaparece com uma fumaça negra no ar. Silas morde o seu pulso e pinga o seu sangue nos olhos de Zoe. Em seguida, ele quebra o pescoço da minha amiga e eu vejo o corpo morto dela cair no chão. Eu diria que meu coração disparou, mas eu não estou com ele, então não sei ao certo o que senti. Silas vai até o corpo desacordado de Ed – que a esta altura já está caído no chão novamente – e lhe dá uma série de pontapés, depois ele sai e desaparece transformado em morcego.

Zoe e Ed estão mortos.

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