sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Episódio 12: Reaper

— Zoe! Ed!
Corro para o corpo de Zoe, seus cachos longos e louros espalhados pelo chão, seu rosto com duas marcas vermelhas do sangue de Silas que havia escorrido, sua cabeça tão flexível que é como se eu encostasse numa boneca de pano. Ed começa a se mexer e eu vou ajudá-lo.
— Ela... morreu?
— Sim Ed, ela morreu.
— Liga para Luna, pode ser que ela consiga fazer alguma coisa.
— Certo.
Ed encosta-se numa das paredes que restaram e escorrega até cair sentado no chão. Pego o meu celular no bolso esquerdo da minha jaqueta e pressiono as teclas para ligar para Luna. O número chama uma, duas vezes e quem atende é uma moça de voz velha. Desligo o celular e entendo o que aconteceu. Celulares não funcionam nesta dimensão, por isso o número foi encaminhado à o telefone de alguma senhora. Como eu contato Luna então?
Uma imagem se projeta a minha frente. É Luna, no carro com Chloe no banco do passageiro e Sleepy no banco de trás.
— O que houve?
— Morte passou por aqui, o Ed e a Zoe...
— O que houve com eles?
— Ed está muito ferido e a Zoe... bom... ela morreu.
— Morte estava com mais alguém?
— Sim, um cara alto.
— Silas?
— Isso! Ele pingou o sangue dele nos olhos de Zoe e depois quebrou o pescoço dela.
— Chase... Zoe não está morta.
Assim que Luna termina esta frase ouço um suspiro muito alto, mais alto até quando você está embaixo d’água por muito tempo e precisa ir até a superfície para pegar ar e suspira. Zoe acordou. Mas como isso é possível? Ela estava morta.
— Como... como eu estou aqui? Eu morri, eu tenho certeza que morri!
— Zoe, você virou vampira.
— Como é Luna?! – Pergunto.
— Quando um vampiro resolve transformar um humano em vampiro, pinga-se sangue direto da veia nos olhos do escolhido – Zoe, neste caso – e logo em seguida, quebra-se o pescoço da vítima.
— Ela vai ficar bem? – Pergunta Ed.
— Eu não diria isso. Ela precisa matar alguém para completar a transição, senão ela vai morrer em pouco menos de 48 horas.
A imagem some, não sei ao certo o que aconteceu, mas ignoro. Um carro negro surge aqui em frente e eu me aproximo. O carro está vazio, e com as chaves na ignição. Há um bilhete no banco no motorista. O vidro abaixa-se e eu pego o bilhete e começo a lê-lo.
“Caro ceifeiro,
Luna, Chloe e Sleepy chegaram ao castelo em plena segurança e me contaram o que houve com a sua amiga. Você precisa trazê-la aqui imediatamente. Use este carro para chegar aqui.”
- Sara Geller
— Vamos lá pessoal, temos uma viagem para fazer!

[...]

Encaminharam Zoe para área de observação. Subo a escadaria do castelo até chegar ao sétimo andar, onde encontro uma porta aberta e vejo uma garota loira, atirando flechas em alvos. Ela se vira e um sorriso ilumina seu rosto. É Chloe.
— Que bom que você está aqui!
O abraço de Chloe me machuca um pouco, afinal, Morte arrancou o meu coração. O ferimento superficial se curou, então Chloe não percebe nada. Dou um beijo nela para manter as aparências, embora sem coração, não consiga sentir nem uma gota de prazer em estar ao lado dela.
— Acho melhor você ir para a sala de observação, sua amiga não está bem.
— Daqui a pouco eu vou, Luna.
Luna desce as escadas e eu sigo atrás dela. Chloe continuou treinando com arco e flecha. Descemos até o 4º nível do subsolo, onde ficam as pessoas feridas/infectadas. Passo por várias salas com vidros blindados e etiquetados como zumbis, lobisomens, animagos, sombrios, claros, etc. Finalmente chegamos à sala 59, a sala de Zoe.
A cena que eu vejo através do vidro é constrangedora. Minha amiga está amarrada numa maca no centro da sala, e há algumas pessoas utilizando equipamentos e magias para tentar curá-la. Não ouço nada, mas consigo ver que ela está sofrendo por causa dos espasmos que ela tem. De repente, um dos enfermeiros se corta na lâmina de um dos equipamentos e o sangue pingando desperta o interesse de Zoe. Corro para a porta da sala e começo a chutar para derrubá-la. Vejo Zoe mordendo o pescoço do enfermeiro e de todos os outros que ali estavam. Zoe lança a sua maca no vidro e ele quebra, espatifando-se em vários pedaços.
Sentimos um tremor. Não é por causa da maca que Zoe lançou no vidro, está acontecendo um terremoto.
— Isto não é um terremoto comum, alguém está conjurando um titã!
— UM O QUÊ?!
— Temos que sair daqui, se isso desmoronar, todos nós morreremos asfixiados!
— Você é uma maga! Conjura alguma coisa!
— No Subsolo eu não consigo, magia é conjurada pela natureza e neste subsolo não tem nenhuma a não ser o titã que já está sendo conjurado!
Começamos a correr junto com os outros enfermeiros, mas Zoe não vem conosco, ela ficou lá se alimentando de todos os seres que ficaram nas cabines. Acho impossível que ela sobreviva.
Chegamos ao térreo. Bom, o que costumava ser o térreo. A escada caiu e todos que estavam nela estão mortos. O terremoto ainda continua e quase somos atingidos por uma parede que desmoronou.
— Socorro!

Perco a respiração, minha visão começa a se dissipar e meus sentidos ficam cada vez menos nítidos. Luna me segura enquanto caio no chão e a última coisa que eu lembro de ver é que Morte arremessou Luna numa parede e enfiou uma estaca em Sleepy.

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