sábado, 1 de novembro de 2014

Episódio 3: Reaper

Cada parte do meu corpo está se desintegrando. Começo a acreditar que talvez, o que ele disse seja verdade. Não posso bobear aqui. Olho para a máquina que monitora os meus batimentos e vejo que eles estão caindo. Vendo que eu não lhe dei resposta ainda, Morthy – Ou devo dizer, Morte. – tira o tubo de respiração que eu estou usando e agora sinto minha garganta fechar.
— O que você quer de mim?
— Eu tirei o tubo de respiração, não cortei os seus ouvidos. Você me entendeu muito bem.
— Isso é loucura. Eu não vou sair por aí matando.
— Então receio que seja você quem tem de morrer aqui.
Morte pega uma seringa que estava sob a mesa e a injeta no meu peito. Sinto uma espécie de ácido correr meus pulmões e caio no chão de dor. Já não consigo emitir nada a não ser gemidos horrendos de dor. O pior de sentir essas dores é que eu não sangro, eu desintegro, e agora eu já sei que um dos meus pulmões se desintegrou, estou com dificuldades para respirar. Com dificuldade, dou uma resposta.
— Tudo bem, faça isso parar!
— Entrarei em contato com você em breve, mas sinto muito pelo que vou ter que fazer agora.
— O quê?
Morte me dá outra injeção, esta para meu coração e eu não consigo fazer mais nada a não ser ficar deitado. Não consigo falar, me mover, pedir ajuda. Só o que eu consigo é sofrer internamente. O aparelho que mede batimentos apita avisando que meu coração parou. Logo uma equipe de enfermeiros chega para tentar me trazer de volta.
— Tragam o desfibrilador agora! – Morte fala, soando preocupado.
— Aqui está senhor. – Uma enfermeira entrega o aparelho a ele.
— Liguem em 200.
— Afastem-se.
Morte esfrega o desfibrilador e posiciona-os sobre meu peito, recebo uma descarga elétrica que me consome por dentro, agora cada nervo do meu corpo está sendo afetado. Outra descarga me atinge e dessa vez eu consigo me mexer, rodando no chão. Ouço o bip tornar a soar e agora sei que estou vivo. Não vejo nada a não ser escuridão.

[...]

Agora eu abro os olhos e vejo Chloe em minha frente. Ela percebe que eu acordei e me dá um abraço demorado. Nunca interagi tanto com ela, e meu espanto aumenta ao perceber a presença de Jade aqui. Um a um, todos vêm me cumprimentar. Zoe, Ed, Chloe, Jade, Minha mãe e minha avó. Não temos tempo de conversar porque morte interrompe as visitas.
— Ele precisa de descanso, vocês poderão vê-lo amanhã.
Todos saem do quarto. Estou cara a cara com este psicopata.
— Então, o que você quer saber sobre seu novo trabalho?
— Apodreça no inferno!
— Ui, que ingrato, eu ainda posso te matar só com tele cinese sabia?
Morte levanta a mão esquerda e sinto meu cérebro doer. — Para! – Grito. Morte entende o recado e para com a tortura.
—Por que você me escolheu?
— Bobinho, eu não escolhi você. Você viu outro ceifeiro. Sempre que alguma pessoa vê outro ceifeiro, ela entra neste estado.
— E quem esse ceifeiro matou?
— Uma professora de espanhol negligente. Não fará falta a ninguém.
— Você é doente!
— Eu não sou doente. Eu sou coerente. Coisa que a partir de hoje, você também será.
— Eu não farei nada.
— Então eu vou ter que mata-lo. Mas eu quero que você me escute primeiro. Os ceifeiros não são criaturas repugnantes como todos vocês pensam. Os ceifeiros são como médicos. Só que o trabalho deles é acabar com o sofrimento das pessoas.
— Matando-as?
— Em parte, sim. Só que os ceifeiros não surgem do nada. Eles são treinados. Quando um ceifeiro mata uma pessoa, ele não decapita sua vítima e pronto, ele dá a oportunidade a ela de escolher.  Caso ela queira findar seu sofrimento, ele estende a mão até ela e leva-a consigo. Sua alma será encaminhada para o juízo final, enquanto seu corpo sofrerá algum acidente que explicará a sua morte. Você aceitou se tornar um ceifeiro, então, te vejo no treinamento.
— Treinamento?
— Até lá, Chase.

Morte sai e uma enfermeira vem trazer uma refeição para mim. Já está escurecendo e a exaustão que estou sentindo é tamanha, que adormeço antes mesmo do sol terminar de se pôr.

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