segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Episódio 7: Reaper

Sleepy deita no chão de barriga pra cima esperando por carinho. Fico pálido e não acredito no que estou vendo. Como Sleepy pode estar aqui? Ele morreu. Ele faz um olhar de desentendimento e levanta, enroscando-se em minhas pernas, onde eu posso sentir que ele é real, não coisa da minha cabeça. Sento-me no degrau, faço um carinho na cabeça dele e ele vai embora. Terei que esperar até o próximo encontro com Morte para saber por que ele está aqui.

[...]

A televisão do meu quarto liga, e uma repórter começa a noticiar um acidente. É o acidente do prefeito. Agora eu sei para que essa TV funciona, é para noticiar quando os meus alvos estão prontos para serem abatidos. Volto para o quintal de casa e dessa vez tenho certeza, Sleepy é real. Fecho a porta do quintal, entro no meu quarto e ponho um casaco. Pego a minha mochila e as minhas chaves. Monto da minha moto de neve e sigo em direção até o hospital.

[...]

Chego ao hospital e dessa vez eu vejo muitas pessoas. Mas não as vejo fisicamente, vejo o espírito delas. Talvez isso seja para que eu encontre o meu alvo mais facilmente, não sei. Entro num quarto vazio onde encontro uma foice com o meu nome. Terei minha primeira vítima. Alguém arromba a porta do quarto com um estrondo e percebo que conheço a criatura.
É Luna.
— Oi de novo, ceifeiro.
— O que você quer?
— Sua mãe nunca lhe ensinou que é feio roubar de magas?
— A sua nunca te ensinou a deixar de parecer como uma bruxa?
— Como se atreve?!
Luna joga um impulso de luz em mim, que caio com a foice perfurando o meu estômago. Mas não estou ferido. Consigo facilmente retirar a foice e vejo meu estômago se refazer.
— Esqueci que com vocês não basta ferir.
Luna se aproxima, mas eu não penso duas vezes, pego o cajado dela na minha mochila, ativo-o e raízes saem dele, amarrando-a no chão. Ponho o cajado de volta na mochila e vou procurar o prefeito. Tenho que agir rápido.
Passo de quarto em quarto à procura dele, mas não o encontro. Luna está no meu encalço e se ela recuperar o cajado, eu tenho certeza que me matará. Abro a última porta deste andar e vejo o vazio, meu coração começa a acelerar com os nervos à flor da pele. O que estou fazendo? Estou fugindo de uma garota? Não vou deixar isso barato. Sigo direto em sua direção e saco a minha foice. Lanço-a em direção de Luna, e a prendo-a na parede. Dou um chute na foice para enterrar a lâmina em sua barriga.
— Ele irá te trair.
Luna desaparece novamente com a fumaça roxa.

[...]

Encontro o quarto do prefeito, que está sentado em sua cama, pensativo. Ele não me conhece, mas já demonstra medo. Eu não vou esperar ele dizer uma palavra. Apenas dou um recado.
— A morte me mandou.
Saco a minha foice – ainda suja com um pouco do sangue de Luna – e parto o prefeito ao meio, com um corte em diagonal, da sua cintura ao seu ombro. O sangue jorra em mim. Limpo o sangue do meu rosto com a manga do casaco e uso um lençol que estava numa cadeira no canto da sala para limpar a foice. Prendo-a nas costas e saio do hospital. É oficial. Sou um ceifeiro.

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