domingo, 17 de julho de 2016

Terra Livre: Capítulo 08


Capítulo 08
(Final da Primeira Fase)


CENA 1/ MONTE PRAZER/ NOITE/ INT./ SALÃO.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior;
Maria Tereza ainda observando Raquel que anda pelo salão. CAM FOCA em seu olhar tristonho, que escorre uma lágrima. CORTE IMEDIATO PARA/
CENA 2/ NAVIO/ NOITE/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
CENA 02. PARTE 1
Lorenzo solitário observando o mar. Grande ventania. Helena observa de longe e se aproxima dele.
HELENA – Pensando na vida?
Lorenzo se vira e olha para Helena, dando um discreto sorriso.
LORENZO – Sabe, Helena... Io aprendi que na vida existem as coisas boas e ruins. Se a gente espalhar coisas boas por onde passar, a vida se encarregará de nos trazes outras melhores. E io non fiz isso.
HELENA – Non pense assim!
LORENZO – Me desculpe!
HELENA – Seja melhor que sua melhor desculpa, Lorenzo. Prove que mudou... Prove com atitudes! Na vida só vive quem tem muita coragem e pouco orgulho.
LORENZO – Você salvou minha vida, Helena. O amor que io sinto por você me mudou por dentro.
HELENA – Você é bom, Lorenzo. Só precisava descobrir isso dentro de si. Per favore, non desista tão fácil da vida. Ela é curta, mas é boa.
LORENZO – Grazie! Grazie por ser tão boa para mim!
HELENA – Me dê um abraço!
Lorenzo chora e abraça Helena. CAM girando em volta deles. CORTA PARA/
CENA 02. PARTE 02 – DO OUTRO LADO DO NAVIO
Germana cortando laranja, com semblante fechado. Valter ao lado dela tomando um vinho.
VALTER – Por que você está com essa cara amarrada, Germana?
GERMANA – Mais uma vez Helena me desobedeceu, Valter. Ela voltou a se enrolar com aquele ragazzo maledetto.
VALTER – Deixe disso, mujer. Deixa os dois se amarem em paz. Quando você casou comigo io também era pobre.
GERMANA – Mas io non... Io era rica! E non quero que Helena se case com um pouca cosa. Capite?
VALTER – Com você non dá para conversar!
CORTA PARA/
VOLTA PARA CENA 02. PARTE 01
Lorenzo e Helena abraçados. Vicente chega. Lorenzo se solta de Helena e sai sem pronunciar nada.
VICENTE – O que você estava conversando com questo maledetto?
HELENA – Ele veio me pedir desculpas. Io aceitei. Non quero guardar ressentimento.
VICENTE – Tem razão. Isso non é bom!
HELENA – Quer me dizer alguma coisa?
VICENTE – Na verdade io queria te dizer que precisamos armar um plano contra o Comandante.
Helena anda de um lado para o outro. Vicente aguardando resposta.
HELENA – Não há outro jeito. Só temos uma solução.
VICENTE – E qual seria essa solução?
HELENA – (firme) Matando! Temos que matar o Comandante... Antes que ele faça isso com a gente.
FOCA em Vicente decidido. CORTA PARA/
CENA 3/ MONTE PRAZER/ NOITE/ INT./ ESCRITÓRIO DE LUZIA.
Luzia sentada em sua mesa, em silêncio. Maria Tereza entra revoltada. Luzia se levanta rapidamente, sem entender.
LUZIA – O que foi? Ta nervosa/
Maria Tereza corta a fala de Luzia com um tapa na cara dela.
LUZIA – (com a mão no rosto) Toma...
Luzia revida o tapa. Maria Tereza se reconstituí logo. Vira-se contra Luzia, que continua sem entender, e depois volta o olhar para a irmã.
M. TEREZA – Cínica! Demônio! É isso que você é... Um monstro demoníaco que surgiu na minha vida.
LUZIA – Mas o que eu fiz, criatura?
M. TEREZA – Você nasceu, Luzia. O seu nascimento já foi um erro!
LUZIA – Você está me desrespeitando. Eu exijo respeito!
M. TEREZA – Como? Como você exige respeito e não é mulher de respeitar?! Você escondeu a verdade de mim, Luzia. Escondeu a verdade de mim! Sua própria irmã... Que sofreu anos e anos procurando a própria filha!
LUZIA – Do que você está falando?
M. TEREZA – Eu estou falando de Raquel, Luzia. A Raquel... Você escondeu dela a verdade e trouxe a minha filha para Monte Velho sem ao menos me avisar!
LUZIA – Ia adiantar alguma coisa te avisando? Se liga, Tereza. Raquel nem sabe que você existe. Pra ela a mãe morreu há muitos anos!
M. TEREZA – E até quando você ia sustentar essa mentira? Hein? Até quando?!
LUZIA – (grita) Até o último dia da minha vida! Enquanto eu estiver viva, a Raquel nunca vai saber quem é a mãe dela. Nunca!
M. TEREZA – (grita) Uma filha não pode ser privada de conhecer sua verdadeira mãe! Não pode!
Luzia e Maria Tereza se encarando. CORTA PARA/
CENA 4/ CASA DAS IRMÃS/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Sonoplastia: TE VOY AMAR – AXEL
Filomena sozinha sentada no sofá. Ela começa a relembrar em FLASHS das vezes que se encontrou com Saulo. Bernarda desce as escadas. Os pensamentos de Filomena cessam.
MÚSICA CESSA;
Bernarda se aproxima e se senta ao lado de Filomena.
BERNARDA – Não vai dormir?
FILOMENA – Já estava indo...
BERNARDA – Te achei muito pensativa. (brinca) Pensando em homem, né?
FILOMENA – (sem graça) Que isso, Bernarda? Isso é jeito de falar?
BERNARDA – Mas é a mais pura verdade. Vai dizer que é mentira?!
FILOMENA – Pior que é verdade, minha irmã.
BERNARDA – É aquele moço? Saulo?!
FILOMENA – Sim. É! Eu não paro de pensar nele, Bernarda. Eu penso naquele homem todos os dias. Quando eu acordo, quando eu vou dormir. E meu coração chega a doer.
BERNARDA – Sabe o que isso se chama? Amor... Você está apaixonada por esse Saulo.
FILOMENA – Mas como, Bernarda? Eu vi ele poucas vezes. Não tem como eu me apaixonar por uma pessoa que vi poucas vezes na vida!
BERNARDA – Tem sim, e você é a prova disso. Vá atrás... Procure ele!
FILOMENA – Ir atrás? Eu? Você está maluca? Um homem que tem que se rastejar nos pés de uma dama, e não ao contrário.
BATIDAS NA PORTA. Filomena e Bernarda se encaram assustadas.
BERNARDA – Visita? A essa hora da noite?
FILOMENA – Quem será?
Filomena abre a porta. É Margarida. Filomena e Bernarda se alegram e abraçam a irmã. CORTA PARA/
CENA 5/ STOCK-SHOTS/ EXT./ MONTE VELHO.
Sonoplastia: A PARTIR DE HOY – MARCO DI MAURO
TAKES DO AMANHECER. CASAIS APAIXONADOS JUNTOS NA PRAÇA. PESSOAS SAINDO DE SUAS CASAS. TAKE FINAL NA FACHADA DA FAZENDA DE CRISTINA. CORTA PARA/
CENA 6/ FAZENDA DE CRISTINA/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
MÚSICA CESSA;
Cristina sentada no sofá observando alguns papéis. Saulo desce as escadas com várias malas na mão. Ele solta as malas no chão, em seguida, ao chegar na sala. Cristina se levanta. Os dois ficam de frente um para o outro.
SAULO – Pronto!
CRISTINA – É! Quantos anos... Quantos anos vivemos juntos dentro desta casa. Sonhamos em ter nosso primeiro filho e eu não consegui te fazer pai!
SAULO – Não se culpe... Os anos que vivi com você foram os melhores anos de minha vida.
CRISTINA – E os meus também... Sem você eu não conseguiria levar em frente toda essa fazenda... Você me preparou em tudo. E por mais que hoje eu não te ame como marido, eu sempre vou te amar como um amigo e companheiro de vida.
SAULO – Eu também. O nosso amor de companheirismo nunca vai morrer! Nunca!
A MÚSICA RETORNA;
Os dois se abraçam carinhosamente. FOCA no olhar dos dois lacrimejados. CORTA PARA/
A MÚSICA CESSA;
CENA 7/ NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DO NAVIO.
Todos nervosos conversando entre si. O Comandante aparece e ri da cara de todos de preocupação.
COMANDANTE – Estão preocupados é? Pois já eram pra estar roendo as unhas... Io já adiei demais o que já deveria ter feito. De hoje non passa... Hoje todos vocês vão morar com Dio ou com o Demônio!
Todos desesperados. CORTE IMEDIATO PARA/
CENA 8/ NAVIO/ DIA/ INT./ PORÃO.
Helena descendo as escadas. Se aproxima de Rogério, que treme com febre. Ela coloca a mão em sua testa.
HELENA – Dio santo... Mas você está ardendo em febre! Preciso de um pano molhado.
Helena olha para o lado e vê uma blusa rasgada e um balde com água ao lado. Ela coloca a camisa dentro do balde e enrola no pescoço de Rogério, deitando sua cabeça em seu colo.
ROGÉRIO – (dificuldade na fala) Non deixe que... Non deixe que eles matem todos!
HELENA – Eles? Você deve estar delirando. Somente o Comandante quer nos matar.
ROGÉRIO – Eles... Ele vai tentar matar Vicente outra vez.
HELENA – Nós já sabemos disso, Rogério. Sabemos que o Comandante tentou matar Vicente. Agora se acalme!
ROGÉRIO – Non foi só ele!
HELENA – Non?!
ROGÉRIO – Foi o maledetto desgraziato... Foi Lorenzo!
FOCA em Helena espantada. CORTA PARA/
CENA 9/ NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DO NAVIO.
Lorenzo parado sem fazer nada. Helena aparece. Lorenzo a vê. Ela dá um tapa em sua cara.
HELENA – Você non mudou, Lorenzo!
LORENZO – (sem entender) Mas o que io fiz?
HELENA – Você sabe muito bem, Lorenzo. Como foi capaz de me enganar mais uma vez?
LORENZO – Mas io non te enganei. Aliás, io non fiz nada!
HELENA – (com raiva) Você tentou matar Vicente... Foi você que deu aquele tiro que assustou todo mundo. Você é um monstro. Me fez acreditar que mudou, me fez acreditar que Vicente era o culpado por tudo. Você é um monstro!
LORENZO – Me entenda, per favore... Io fiz isso por tuo bem. Vicente non presta... Você vai se decepcionar com ele... Ele é ruim!
HELENA – Quem está provando ser ruim aqui é você, maledetto... É você! Que me iludiu, me manipulou!
Lorenzo segura Helena pelos braços. Ela se acalma um pouco, mas com respiração ofegante.
LORENZO – Io fiz isso per amore, Helena. Per amore a você!
HELENA – Isso é doença... Isso non é amore, Lorenzo... Isso non é amore!
LORENZO – Perdoname! Per favore... Perdoname!
HELENA – Io non vou perdoar alguém que tentou matar o homem da minha vida, o homem com que io quero me casar, ter filho... Io non vou deixar você acabar com a minha vida!
Helena sai revoltada. Lorenzo estressado chora. CORTA PARA/
CENA 10/ NAVIO/ DIA/ INT./ QUARTO.
LOCAL ESCURO. Vicente vai caminhando apenas com uma vela na mão. Um barulho que ecoa. Muita sujeira presente. Um piano velho. Vicente coloca a vela em cima do piano.
VICENTE – (falando consigo mesmo) Mas quem haveria de trazer um piano?
Vicente pega a vela novamente e abre a caixa do piano. CAM foca em um revólver que aparece dentro do piano no momento em que Vicente abre a caixa. Vicente se assusta.
VICENTE – Um revólver... Uma arma de fogo...
Vicente pega o revólver e guarda dentro de sua calça, disfarçadamente. Ele caminha em direção a porta de saída. Abrem a porta. Ele se assusta.
HELENA – (ecoa) Alguém aí!
VICENTE – Helena?! É você?
Helena coloca a vela na frente seu rosto.
HELENA – Sim... Sou io! Vi você entrando aqui.
VICENTE – Temos que sair sem com que alguém perceba. Conversamos lá fora.
Eles vão indo em direção à porta. As VELAS se apagam. CORTA PARA/
CENA 11/ NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Helena e Vicente ao lado de fora do quarto. Ambos aflitos.
HELENA – E daí? Conseguiu encontrar alguma coisa?
VICENTE – Sim... Io achei um revólver. Só vou esperar a hora certa pra disparar uma bala bem no meio da testa deste maledetto.
HELENA – Io fiz as contas e viajamos por 29 dias. Se tudo der certo, chegaremos amanhã no Brasil e o Comandante vai precisar fazer rapidamente esse serviço.
VICENTE – Mas nós seremos mais rápidos do que ele... Quando ele vier nos ameaçar com a arma nós atiramos! E bem certeiro!
HELENA – (apavorada) Io estou com muito medo, Vicente. Com muito medo!
Helena abraça Vicente. FOCA na cara de preocupação de Vicente. CORTA PARA/
CENA 12/ STOCK-SHOTS/ EXT.
Sonoplastia de tensão. TAKES DO ANOITECER. MAR SEGUINDO VIOLENTO. VENTANIA. TAKE FINAL NO NAVIO. CORTA PARA/
CENA 13/ NAVIO/ NOITE/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Comandante saindo de dentro da sala de comando. Todos o encarando com medo.
COMANDANTE – Espero que estejam todos prontos!
CHIARA – (grita) Tem certeza de que vai fazer isso com todos nós? Vai aceitar trair Itália? Sua própria terra?
COMANDANTE – Dona Chiara Fragnani... A senhora vai mesmo insistir?
CHIARA – Enquanto correr sangue nestas minhas veias sim... Vou insistir!
COMANDANTE – Pouco falta para que isso aconteça!
Comandante solta uma alta gargalhada. CORTE IMEDIATO PARA/
CENA 14/ NAVIO/ NOITE/ INT./ PORÃO.
Vicente desce as escadas do porão. Rogério já recuperado.
VICENTE – É hoje, Rogério.
ROGÉRIO – Io já esperava por isso!
VICENTE – Io sei que posso vencer essa guerra, mas posso perder também. Io tenho medo de tudo terminar mal.
ROGÉRIO – Tem quantas balas?
VICENTE – Uma!
ROGÉRIO – Realmente você ou acerta ou acerta.
VICENTE – E isso está me agoniando.
ROGÉRIO – Por que non vieram por trás dele?!
VICENTE – O homem é forte... Se atacássemos ele o máximo que conseguiríamos era segura-lo por um tempo... Já ouviu aquele ditado? Quando a cobra se sente ameaçada ela dá o bote!
ROGÉRIO – Nisso você tem razão. Mas io non me preocupo nem um pouco. Estou confiante. Vai dar tudo certo!
VICENTE – Dio te ouça... Dio te ouça!
Vicente preocupado. Rogério confiante. CORTA PARA/
CENA 15/ MANSÃO DE AFONSO/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Afonso pensativo. Murilo entra no cômodo. Fica de frente a Afonso, que está sentado no sofá.
MURILO – É amanhã, não é?
AFONSO – Sim... É amanhã! Eles estão chegando!
MURILO – E o senhor já está preparado?
AFONSO – Mais do que nunca, Murilo. Me preparei durante esses 29 dias como se estivesse me preparando para ir pra uma guerra.
MURILO – Mas o senhor sabe. Não vai ser fácil!
AFONSO – Não me importa. Vou enfrentá-los!
Closes alternados. CORTA PARA/
CENA 16/ NAVIO/ NOITE/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Comandante parado observando a todos. Uma multidão de pessoas paradas frente a ele.
COMANDANTE – É chegada a grande hora! (grita) Todos! Quero todos aqui... AGORA!
A CAM mostra Lorenzo ao lado, receoso.
LORENZO – (sussurra) Io non posso deixar que isso aconteça! Non posso!
COMANDANTE – (grita) Rápido! Io non tenho muito tempo!
Helena e Vicente sobem juntos, decididos, mas com medo. Chiara agarrada em um terço rezando desesperada, chorando. Outros desesperados.
COMANDANTE – (aplaude) Palmas... Palmas para os incompetentes, para os justiceiros que pensam estar chegando em uma terra iluminada, cheia de coisas boas, mas na verdade estão chegando em uma terra precária, cheia de sujeiras e podres. Brasil non segurou uma monarquia, non foi capaz... Brasil non segurou uma economia... Non foi capaz... O Brasil fracassou com os próprios brasileiros, e como vão acertar com um povo que nem conhecem? Vocês estão chegando com ideais vivos, com cultura, com ensino e chegarão em uma terra onde o pouco que se tem é a mancha de sangue de pessoas que sacrificaram a própria nação por cobiça e vontade de poder. Acham mesmo que vão chegar em uma boa terra de se plantar... Em uma terra livre? Vão chegar em uma terra devastada pelo poder fracassado dos poderosos. E vão voltar... Vão voltar porque não se tem futuro em uma terra que matou seu próprio mártir. Se mataram seu herói o que vão fazer com pobres plebeus? Morrerão aqui dignos ou seguirão até o Brasil com um grande sofrimento... Os italianos me verão como heróis de ter salvado a pátria, de ter salvado vocês de chegarem até uma terra sofrida!
HELENA – (rebate) Tem certeza de que é uma terra sofrida aquela que amamenta outras nações com o leite de seu próprio fruto, de seu trabalho? Seu discurso é uma verdadeira mentira, Comandante. O senhor é uma verdadeira mentira!
O Comandante observa Helena em silêncio, olhando para Vicente em seguida.
COMANDANTE – (a Vicente) Dê um passo para a frente!
Vicente dá um passo para frente. Helena desesperada.
VICENTE – O que quer comigo?
COMANDANTE – Quero fazer justiça, Vicente. Só isso!
VICENTE – Non consigo reconhecer em você o homem que encontrei quando cheguei. Aliás, qual é sua verdadeira identidade, Comandante? É o Comandante cruel ou homem humanizado? Io non sei se acredito em você ou na sua sombra!
COMANDANTE – Um homem é aquilo que ele diz ser!
VICENTE – Io tenho pena! Pena do que se tornou! Uma vez mio padre me disse uma frase: “Filho, se matamos um bando somos heróis e se matamos apenas um somos assassinos!”.
O Comandante aponta o revólver para Vicente. Sonoplastia densa. Lorenzo olhando ao lado. Vicente fecha os olhos. Todos desesperados. Comandante aperta o gatilho. Lorenzo pula na frente e é baleado no peito, caindo lentamente no chão.
Helena se abaixa desesperada, se agarrando em Lorenzo caído no chão. O Comandante tentando atirar, mas não tem bala na arma. Vicente tira seu revólver rapidamente do bolso. ÂNGULO BAIXO. Vicente atira rapidamente no peito do Comandante, que coloca a mão no peito e cai desfalecido no chão. Helena agarrada a Lorenzo, muito debilitado.
LORENZO – Io te amo, Helena. Fiz isso por você! Eu pude fazer por você o que ninguém fez por mim!
Vicente abaixa e fica ao lado de Lorenzo.
VICENTE – Grazie! Io te agradeço!
LORENZO – Io sou uma árvore ruim... Árvore ruim, tem que ser cortada pela raiz. Perdoname, Vicente!
VICENTE – Seu ato me mostrou o quanto mudou!
Vicente dá a mão para Lorenzo, que morre. Helena chorando. Todos em volta de Lorenzo. A CAM VAI SE DISTANCIANDO e vemos Comandante caído morto ao lado de Lorenzo. Uma multidão em volta. CORTE RÁPIDO PARA/
CENA 17/ NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Helena dormindo. Vicente a cutucando feliz.
VICENTE – Acorda, Helena! Acorda!
Helena acorda e se levanta.
VICENTE – (aponta para a frente) Olha!
HELENA – Dio Santo!
CAM MOSTRA o litoral. Pessoas esperando lá.
Sonoplastia: ESPERANZA – LAURA PAUSINI
Helena e Vicente choram e se abraçam. Todos felizes. Helena ergue os braços na ponta da embarcação. Vicente também, atrás dela.
VICENTE – Chegamos!

EFEITO FINAL: Congela nos dois felizes.

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